O TEMPO DO ADULTO E O TEMPO DA CRIANÇA

criança pequena de costas de mãos dadas com a mãe

Vamos pensar sobre o “tempo da criança”? O tempo da criança é muito diferente do tempo do adulto, não é mesmo? Muitas vezes ficamos tão conectados no nosso tempo, que achamos que tem algo de errado com o tempo da criança.

Às vezes me perguntam: “Mari, como faço para meu filho fazer as coisas no tempo que eu preciso?”; “como faço para o meu filho ter paciência com as coisas?”; “como faço para o meu filho cumprir as tarefas no tempo necessário?”.

Estamos sempre querendo saber como fazer a criança se encaixar no nosso tempo. Mas, é justo?

A mania de entrar no piloto automático

Sei que, muitas vezes, no nosso dia-a-dia, pode ser impossível ampliar o tempo, rever e fazer algumas mudanças, mas, é justo termos expectativa de que a criança se acelere e  esteja preocupada em finalizar uma atividade como nós?

Começamos uma tarefa sabendo da próxima, e essa é a nossa consciência, esse é o nosso ritmo, nosso tempo, mas a criança não vive assim e nem pode, porque precisa estar conectada no seu próprio tempo.

Por ser uma criança, o tempo passa muito mais devagar e, a cada segundo, a cada minuto, ela aproveita para se conectar com seus sentidos, sentir e perceber as coisas, conhecer o ambiente, observar-se, observar os adultos e brincar — ela precisa se dedicar a tudo isso.

Acontece que nós, adultos, interferimos nesse processo a todo momento, então, vale a pena pensarmos como podemos ser mais respeitosos com a criança nesse aspecto, quais ajustes fazer, quais mudanças fazer em nós, na casa, no meio ambiente e na rotina para que essa criança seja ainda mais respeitada.

Por que é importante respeitarmos o tempo da criança?

Porque esse tempo não volta mais e, daqui a pouco, a criança estará no mesmo ritmo que a gente, estará preocupada com coisas de adulto e, enquanto criança, precisa estar preocupada com coisas importantes para se desenvolver, como o brincar, a exploração sensorial, ficar distraído e pensar em mil coisas ao mesmo tempo.

O tempo da criança é parado no que ela precisa, um ritmo natural que vem do corpo dela, dos sentidos e do cérebro dela, porque a natureza é muito sábia, nosso corpo é muito sábio e sabe nos guiar nesse processo.

Quando vem um adulto e interfere nesse tempo, tira-se essa naturalidade. Sei que muitas vezes não é possível fazer ajustes, mas é importante refletir e ampliar a nossa consciência sobre isso.

Será que precisamos correr a todo momento?

Escolha momentos em que possa dar oportunidade para a criança viver esse tempo naturalmente, e estabeleça os outros que não for possível ajustar.

Mas se não tivermos essa consciência, não vamos nem tentar fazer diferente, e a criança precisa que a gente tente diferente, que a gente se conecte com o tempo dela.

Então, também queria te perguntar: “como você tem se conectado com o tempo da sua criança?”; “você observa que o tempo dela é diferente?”; “você entra no tempo dela ou só quer fazê-la entrar no seu tempo?”.

Essa relação é uma via de mão dupla e, para a gente conhecer a criança, se conectar com ela, fazer parte do desenvolvimento dela, precisamos nos conectar com o tempo dela, respeitando-a nos seus limites e nos seus processos.

Isso faz sentido para você? Comente aqui o que você achou dessa reflexão.

Com amor, Mari

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10 respostas

  1. Boa noite Mariana !
    Eu tenho um filho de 5anos agora em abril ele faz 6 anos.ele não para ele temoiso tem resposta na lingua quando faz o quer ele bate nas coisas e quebra grita eu não seio o que fasso com ele

  2. Mari suas colocações são sempre de grande valor, sempre respeitando nossas crianças, isso traz segurança e faz crianças mais felizes. Obrigada linda

  3. Oi Mari! Esse texto foi escrito especialmente para mim. Meu Deus! Que coisa incrível! Estou sempre colocando a minha filha de 6 anos dentro do meu tempo. E pior, peço uma coisa e enquanto ela está pensando em fazer o que eu pedi, já peço a próxima e aí ela para de fazer a primeira coisa que eu pedi para fazer a segunda e eu fico P da vida porque deixou pela metade. Eu já estava percebendo que estava tudo errado. Mas o seu texto, foi o murro na cara que eu estava precisando para acordar.
    Obrigada, Mari

  4. Muito bom! Me peguei acelerando meu filho umas 2x…Até ler e perceber que o tempo dele é diferente. E na verdade , aprendi a fazer as coisas de modo diferente, por ele..E vale a pena demais.

  5. Minha filha tem 3 anos e quer brincar o tempo todo. Ela é muito atenta a tudo ao seu redor e reproduz as vivências em brincadeiras de faz de conta. Ela gosta de sugerir as brincadeiras e fica radiante quando adotamos os papéis que ela nos distribui.
    A fim de respeitá-la e ter as tarefas executadas (comer, escovar os dentes, tomar banho, se vestir, ….) o que eu passei a fazer foi incorporar as tarefas nas brincadeiras dela… então a Cinderela se troca, a médica da banho na boneca, a professora escova os dentes e etc….
    Gostaria da sua opinião, Mari… isso é válido?? Dessa forma, ela cumpre as tarefas brincando e sinto que funciona. Me divirto mas a há dias que fico exausta… só de pensar em estratégias … e de brincar tanto!

  6. Isso é curioso quanto ao tempo da criança. Me faz refletir na minha epoca de criança e no tempo da minha pequena de 2 anos e 8 meses. As vezes, olho pra ela e tento me colocar no lugar dela, me remonta a minha infância, daí vem alguma inspiração e deixo ela livre pra decidir o que quer fazer… confesso que em alguns momentos dá certo!!!

  7. Faz todo sentido!!!
    Seus textos são excelentes, faz com que eu reflita minha rotina diária…
    Parabéns !!!!

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Mariana Lacerda

Mariana Lacerda é TERAPEUTA OCUPACIONAL, MESTRE em Ciências da Reabilitação e DOUTORANDA em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG e EDUCADORA PARENTAL em Disciplina Positiva certificada pela Positive Discipline Association.

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