“Meu filho quase nunca faz o que eu peço…o que eu posso fazer pra mudar isso?”
Essa é uma pergunta que eu recebo muito…
Vamos nomear esse sentimento de frustração quando a criança não corresponde com aquilo que esperávamos? É basicamente pensar em “expectativa versus realidade”.
Queremos uma resposta pronta para que a criança obedeça e para QUE EU não fique frustrada e não precise lidar mais com aquela situação, não é mesmo?
Bom, como podemos lidar com isso? A frustração pode não ser somente devido ao comportamento da criança, mas pela cobrança existente em cima de nós sobre tudo: trabalho, relacionamento amoroso, família etc.
De onde vem a nossa
frustração quando a criança não faz o que queremos?
Ao lidarmos com tantos desafios e responsabilidades diárias, acabamos “explodindo” com a criança quando ela nos contraria. Mesmo tendo consciência de onde vem aquele MEU sentimento de frustração, ainda assim continuarei explodindo, e é natural. É um exercício. Precisamos de tempo. E é o primeiro (e importantíssimo) passo para mudarmos a situação que nos estressa e nos tira do prumo.
Cada um de nós “perde o controle” de uma forma, seja chorando, gritando, batendo, descontando em alguém etc. Como você lida com as suas frustrações? É preciso identificar os seus gatilhos antes de tentar mudar o comportamento da criança.
Uma coisa que eu sempre digo é que nós focamos somente na birra da criança, mas também temos as nossas. E falo isso sem tom de julgamento, mas para refletirmos um pouquinho sobre isso. Quando a criança nos contraria, também fazemos birra, manifestamos nosso descontentamento, ou descarregamos em algo…e a sociedade nos permite isso!
Quem nunca explodiu com o companheiro ou companheira? Quem nunca chorou de frustração? Quem nunca gritou, bateu em algo, fez pirraça quando contrariado? Nós fazemos isso, e em nós isso se chama “aliviar a tensão”; “descarregar para não explodir”; “desabafar”.
De forma contrária, é um absurdo a criança fazer birra, mas o adulto fazer é normal. Nós, adultos, já tivemos uma boa parte da vida para aprendermos a lidar com as nossas emoções — só que para muitos de nós, a grande maioria na verdade, e eu me incluo nisso, agir com maturidade 100% do tempo ainda é um processo complexo cheio de idas e voltas! Imagina para a criança?
Muitos de nós tivemos as emoções silenciadas, fomos punidos e/ou agredidos. E quando a maternidade/paternidade chega, ainda não tivemos a oportunidade para superar tudo o que nos foi reprimido ou sequer nos damos conta disso, e aí, a birra dos nossos filhos, o fato de eles não fazerem o que queremos, o comportamento desafiador nos tira do sério, nos sacode por dentro, nos desestabiliza.
Pare e pense: por que o comportamento dos nossos filhos mexem tanto com a gente? Isso diz mais deles ou de nós mesmos? Porque as crianças, desde que o mundo é mundo, naturalmente nos impõe desafios, naturalmente agem com imaturidade. Por que insistimos em achar que são os nossos filhos que têm algo de “errado” e que precisam necessariamente mudar para atender às nossas expectativas ou às expectativas da sociedade?
Nós responsabilizamos somente a criança, mas a pergunta inicial deveria ser: “o que eu vou fazer para lidar com a minha frustração, antes de lidar com o comportamento do meu filho?”
Ao invés de pensarmos “o que eu faço com essa criança?“, “qual ferramenta aplico nessa situação?”, deveríamos reconhecer a nossa frustração, que na maioria das vezes surgiu simplesmente porque nossos filhos fizeram tudo diferente da nossa expectativa.
Coloque isso para a fora, divida com alguém, com o seu parceiro(a), peça um abraço….Tire um tempo para pensar!
Há dias e dias. Mas foque no HOJE!
Alguns dias serão mais difíceis. Nem sempre a mesma solução vai dar certo. Às vezes, ir para o quarto e gritar com o travesseiro, e não com a criança, vai ser suficiente, mas, às vezes, não.
A melhor forma de ensinar a criança a lidar com a frustração é dando exemplo de que também tentamos lidar com a nossa. Precisamos entender que essa decisão é diária: “o que vou fazer para lidar com a minha frustração, HOJE?” Cada dia é um desafio diferente, que demanda uma solução diferente.
Então para que nossos filhos nos escutem, e para que façam o que pedimos, primeiro precisamos dar o exemplo! Nós escutamos nossos filhos? Estamos atentos às suas necessidades?
Podemos também trazê-los para um lugar de decisão junto com a gente. A gente pode convidá-los a participar das decisões da casa, a participar dos planos, quando os filhos participam da rotina da casa com um papel ativo, eles se sentem mais atraídos a escutar e participar de um diálogo.
Uma coisa muito interessante e que funciona muito bem é sempre antecipar o que vai acontecer, principalmente com as crianças menores.
Então, podemos anunciar o que vai acontecer em seguida, “filho, daqui a pouco nós vamos tomar banho, e logo depois do banho jantar”…”filho, tá quase na hora do banho, e o que vem depois do banho?”. Antecipar, dar previsibilidade para as crianças.
Um outra forma é sempre fazer combinados, claro, mais uma vez, com a participação ativa da criança, ela precisa se sentir participante, do contrário perde o interesse e não vai se sentir convidada a escutar uma imposição.
São várias as estratégias que podemos usar para que nossos filhos nos escutem e façam o que estamos pedindo (não é mandar, é direcionar). Mas nenhuma ferramenta é eficaz se não entendemos que primeiro precisamos olhar para a nossa frustração e como ela nos leva a agir. Só depois de olharmos para nós mesmos e para nossas frustrações conseguimos de fato nos conectarmos com a criança sem levar seus comportamentos desafiadores para o lado pessoal.
Espero que essa reflexão possa te ajudar na relação com seu filho.
Me conta se fez sentido pra você?
Com amor, Mari!
Uma resposta
Nossa menina! Você caiu do céu com essa reflexão! É exatamente isso, eu quero mandar, e isso não é interessante pra ela, por isso ela não faz, vou tentar mudar tudo, e vai dar certo eu creio! Obrigada! Deus te abençoe grandemente!