O que fazer quando nossos filhos erram? E quando eles apanham do colega?

pai de aproximadamente trinta e quatro anos, negro, semblante feliz e alegre, carregando o seu filho no colo, de aproximandamente três anos, a criança está feliz e segura no colo do pai,

Sei que esse pode ser um questionamento de muitas pessoas. Eu costumo brincar que na escola principalmente ou nossos filhos mordem ou são mordidos…e quiçá, ambos (risos)…Meu Matias mesmo já foi mordido!

 Muitas vezes as crianças vão errar umas com as outras, e pode ser que o erro seja uma atitude agressiva com o colega.

 Como podemos conduzir quando as crianças erram umas com as outras? Eu sei que é difícil, ainda mais considerando que a sociedade cria uma pressão desconcertante nas crianças para revidar, não errar e não deixar que errem com ela (tem gente que fala que não pode levar desafora para casa).

 Para muitas pessoas, a criança que apanha precisa bater de volta, revidar, senão, vai “crescer boba, sem saber se defender”. Existem, ainda, situações extremas, em que os próprios pais da criança agredida revidam no “agressor”.

Meninos precisam ser fortes! A pressão ainda maior sobre eles

Essa pressão de revidar é reforçada para os meninos. “Homens não podem chorar”, “você é homem ou não?” Essas são apenas algumas afirmações que os meninos escutam ao longo da vida.

É nosso papel fazer com que essa criança lembre a sua essência e não fique presa àquele comportamento equivocado. A criança não é o comportamento. O erro não determina quem ela é!

Você conhece a expressão SAWABONA?

Uma tribo no sul da África pratica um costume chamado de Sawabona e Shikoba. Quando alguém se comporta de forma inadequada, eles levam essa pessoa ao centro de sua aldeia e todo mundo fica ao seu redor. Durante dois dias eles lembram a pessoa de todas as coisas boas que ela fez na vida.

Então para eles o erro não define quem a pessoa é. E tampouco focam no erro, eles focam naquilo de bom que a pessoa já fez. Então, eles se reúnem para se reconectar com sua verdadeira essência, lembrando quem elas são realmente.

Quando isso acontece, todos repetem a palavra “Sawabona”, que significa “Eu respeito você, valorizo você, e você é importante para mim” e essa pessoa responde “Shikoba”, que significa “então eu sou bom e existo para você”.

Não é lindo? Mas você pode se perguntar “Então o erro vai ser vangloriado? A gente vai aplaudir o erro da criança?” Não, não é esse o propósito. O propósito é focarmos em soluções e estarmos conscientes de que um erro não define a personalidade da criança.

Toda criança tem como essência o amor. Nós adultos às vezes rotulamos e diagnosticamos a criança como “ruim, manipuladora, maldosa, invejosa” porque ela se comportou em determinado momento de uma maneira não muito saudável. Mas a criança não é apenas aquele comportamento momentâneo.

O meu comportamento como pai e mãe diz muito sobre o comportamento da criança

Olha, o nosso comportamento como pai e mãe diz muito sobre o comportamento da criança. Quando eu, no papel de pai, mãe e/ou educador, humilho a criança pelo erro que ela cometeu, consequentemente a afasto da sua essência, levando-a a se conectar ainda mais com o erro.

Então, qual é o melhor caminho? Experimente aplicar o exercício da reparação, que é descobrir formas de reparar o erro ao invés de forçar a criança a simplesmente pedir “desculpa”. 

Uma solução além do pedido de desculpas

Quando a criança entende que o seu erro também é prejudicial a ela mesma, é mais fácil de pensar, juntos, formas de reparar aquele erro. Pedir “desculpa” é apenas uma possibilidade gerada pelo externo.

Quando a criança aprende a reparar o erro também nela, ela começa a aprender a lidar com as consequências.

Por que o cantinho do pensamento interrompe o aprendizado

Os adultos costumam impor o isolamento da criança “agressora”, mas é importante validar com a criança que foi agredida se ela, de fato, prefere ficar longe, se precisa de um tempo para desculpar o colega ou se sugere outra solução. 

Um outro exemplo é quando colocam a criança no canto, sem o direito de brincar. Isso só interrompe o comportamento, mas, qual o objetivo dessa ação? Está ensinando o quê para a criança? 

A criança sentada, sem brincar, não está aprendendo sobre lidar com seus sentimentos e emoções, e a colocá-los para fora!

O foco é saber qual o objetivo da nossa atitude com a criança 

Se você quer saber se está no caminho certo, escute seu coração e reflita: como a minha ação em relação ao problema está educando a criança? 

Em ambientes escolares, pode ser que os professores rejam pelas próprias feridas do passado, e assim acabam defendendo a vítima (afinal, todo mundo já foi agredido). E acontece muitas vezes de recriminarem o “agressor”.

Porém, temos que lembrar que o adulto é a referência, é o condutor e precisa se posicionar com amor! As crianças estão aprendendo a lidar com suas emoções e estão aprendendo a viver em harmonia. E o maior aprendizado que podem ter é com o nosso exemplo!

Espero que tenha gostado dessas dicas!   

Um abraço.

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Mariana Lacerda

Mariana Lacerda é TERAPEUTA OCUPACIONAL, MESTRE em Ciências da Reabilitação e DOUTORANDA em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG e EDUCADORA PARENTAL em Disciplina Positiva certificada pela Positive Discipline Association.

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