O impacto da Disciplina Positiva no comportamento da criança

Pai, mais velho, cabelos grisalhos, usando óculos, segurando em seu colo sua filha, de aproximadamente cinco anos de idade. Eles estão dando um apertado e caloroso abraço, ambos sorrindo, com os olhos cerrados. A imagem transmite muita ternura e acolhimento.

Muitas pessoas que já praticam a Disciplina Positiva, a criação com apego e a comunicação não violenta, quando se deparam com um comportamento desafiador da criança, se assustam. Às vezes a criança grita, bate, responde mal e desobedece, mas esses são comportamentos naturais, independentes da forma como seus pais ou responsáveis a educam. 

Estar no caminho da Disciplina Positiva não significa a anulação de comportamentos desafiadores da criança. Jane Nelsen, a criadora da Disciplina Positiva, fala que se em algum momento pararmos de ter desafios com os nossos filhos, não faz mais sentido o papel de pai e mãe. Nesses papeis, estamos lidando com desafios a todo momento, ensinando-os a fazer o mesmo.

É dessa maneira que os nossos filhos irão desenvolver habilidades de vida e sociais. Educar com respeito não pode se basear na expectativa de desenvolver uma criança obediente e perfeita. Ninguém é perfeito, certo? E nem podemos exigir isso de alguém — além de ser algo inalcançável, ninguém merece esse peso.

Educar com respeito é um caminho de conexão e afeto, que vai nos levar a um relacionamento profundo com a criança — mesmo com os desafios.

Como costumam se comportar as crianças que recebem educação respeitosa

As crianças que recebem uma educação respeitosa, consequentemente, encontram espaço para colocar seus sentimentos. São crianças que sabem que têm com quem contar e, por isso, talvez tragam emoções mais fortes, explodam, tenham comportamentos intensos.

Eu entendo que isso acontece porque elas encontram espaço para ser quem realmente são. Sabe quando você sabe que tem um porto seguro?! Sabe quando você sabe que pode se expressar, se colocar e expandir os seus sentimentos porque não vai ser abandonado, mas, pelo contrário, acolhido e amado? 

A expressão dos sentimentos em uma relação verdadeira

Nós, adultos, fazemos muito isso em relacionamentos. Por vezes, com os nossos companheiros, nos expressamos mais por sabermos que podemos mostrar nosso lado sombrio. E esse, sim, é um relacionamento verdadeiro. 

Se temos um relacionamento assim como casal, em que sabemos que não precisamos ser “perfeitos” o tempo inteiro, isso nos faz bem, e é esse sentimento que as crianças precisam ter em relação a nós enquanto pais. 

Dessa maneira, quando elas se expressam, é porque sabem que, naquele contexto, naquela família, naquela relação, podem existir na sua imperfeição. Esse é o senso de pertencimento, que todos desejamos.

Quando isso está acontecendo, estamos atingindo o principal objetivo, sabe? Se as crianças estão encontrando espaço para se expressar, para se colocar, mesmo que elas ainda não saibam fazer isso de uma maneira respeitosa, elas estão aprendendo, e é porque estamos fazendo um bom trabalho. 

Como saber se estou no caminho certo na educação dos meus filhos

Se estou respeitando meu filho, estou me conectado com ele; se eu gero afeto e respeito, estou no caminho certo. Minha criança apenas se encontra em um processo de amadurecimento, e ainda está aprendendo até onde pode ir com suas atitudes. 

Essa compreensão traz leveza e a tranquilidade de que tudo vai se ajustando, um dia de cada vez. Vamos entendendo melhor as crianças, e elas vão aprendendo a se colocar de maneira respeitosa, assim como fazemos com elas. Mas tudo isso tem um tempo para acontecer —  não é do dia para a noite. 

Vamos confiar no caminho que escolhemos e que as crianças se encontram conosco. Espero que tenha gostado dessa reflexão. Um beijo e até o próximo encontro.

Gostou? Comente e compartilhe!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Picture of Mariana Lacerda

Mariana Lacerda

Mariana Lacerda é TERAPEUTA OCUPACIONAL, MESTRE em Ciências da Reabilitação e DOUTORANDA em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG e EDUCADORA PARENTAL em Disciplina Positiva certificada pela Positive Discipline Association.

E-BOOK

Limites, Conexão e Respeito

É possível Educar sem Punir?

Posts Recentes