O que fazer quando meu filho está demonstrando suas emoções?

Criança de aproximadamente quatro anos, sentada de costas em um balanço, com a cabaça baixa, demonstrando tristeza.

Essa é uma das perguntas que mais recebo: “Mari, o que eu faço quando meu filho está frustrado, irritado, chateado e explode com essas emoções?” É muito natural termos dúvida do que fazer nesses momentos, de como reagir e conduzir. 

A dica é: vamos nos imaginar nesse mesmo lugar! Imagine-se tendo esses sentimentos e alguém falando: “você precisa se acalmar; você está muito nervoso” ou “nossa, por que está fazendo isso? Você está exagerando! Não precisa se sentir assim” ou “você vai ficar aí nesse lugar até se acalmar”.

Como nos sentiríamos se ouvíssemos isso? Como seria ter que lidar com nossas emoções diante desse tipo de fala? Muito provavelmente, você se sentiria mal. Eu me sentiria muito mal! Na verdade, em situações como essas, procuramos, no outro, apoio, e essas frases são o oposto disso; são de isolamento, falta de conexão e empatia.

Você fala com um adulto o que fala com a sua criança?

No entanto, é muito comum dizermos frases como essas para as crianças, certo? Não teríamos coragem de falar isso para um adulto, mas temos de falar para uma criança. Queremos que elas se resolvam sozinhas ou até que não sintam essas emoções. Sabe por quê? Porque nós não queremos e sabemos lidar com isso. 

Esse, portanto, é o primeiro ponto: ter que lidar com essas questões dentro de nós mesmos para, assim, ensinar a criança a lidar com isso tudo. Sim, dá trabalho. Precisamos sair da nossa zona de conforto e assumir esse lugar de adulto, de que estamos do lado das nossas crianças para apoiá-las e ensiná-las. É desafiador, mas é nosso papel assumir essa responsabilidade, não é mesmo? 

Então, qual é a solução nesses momentos? 

A resposta mais clara que vem na minha mente é em relação à conexão. Existem várias formas de se conectar, e eu não quero dar uma receita de bolo de como você pode se conectar com seu filho, porque eu tenho plena certeza de que você é a pessoa mais preparada para saber como fazer isso.

Pense na sua realidade, no seu relacionamento com a criança, que chegará à resposta. A conexão acalma e ajuda a criança a perceber emoções complexas, a cuidar e olhar para si com carinho.

Quando nos conectamos com a criança, ela se sente amada, importante, acolhida no processo desafiador para ela, em que o cérebro não está raciocinando bem — o chamado cérebro primitivo. Ao acolhermos a criança e suas emoções, a ajudamos a passar por essas emoções, e esse cérebro se integra. 

A conexão é capaz de ajudar o cérebro a funcionar melhor, a sair desse estado animal para ir para o estado mais racional.

A responsabilidade nesse processo

É importante sempre lembrar que eu sou adulto, que eu estou no papel de conduzir a criança. Quer dizer que nós vamos aceitar qualquer tipo de comportamento dela diante das emoções? 

Não, mas vamos discutir, ensinar e trabalhar com a criança, depois de fazermos esse exercício de conexão e lembrar que somos os adultos. A primeira coisa é saber lidar com essas emoções. 

E se a minha criança não aceitar meu apoio?

Se a criança, naquele momento, não aceitar o diálogo, o acolhimento verbal, você pode somente estar presente do lado dela cuidando para que não se machuque e não machuque outras pessoas diante dessas emoções. E esse apoio pode ser feito até mesmo sem uma palavra. 

Existem muitas maneiras de nos conectarmos com a criança — e isso vai variar muito do nosso relacionamento, das possibilidades, do momento e das emoções. 

Podemos ensinar a criança a reconhecer suas emoções, lidar com elas e criar soluções a partir desse autoconhecimento. Espero que você tenha gostado dessa reflexão. Um beijo e até a próxima.

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2 respostas

  1. Mari amei a reflexão o meu pequeno anda numa fase bastante desafiadora, ela está agora com 2a5meses , nossa como é difícil educar, mais vc mto tem nos ajudado. Forte abraço, Silvana Guimarães

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Mariana Lacerda

Mariana Lacerda é TERAPEUTA OCUPACIONAL, MESTRE em Ciências da Reabilitação e DOUTORANDA em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG e EDUCADORA PARENTAL em Disciplina Positiva certificada pela Positive Discipline Association.

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