EXISTEM FERRAMENTAS DA DISCIPLINA POSITIVA PARA CADA IDADE?

meninas sentadas olhando

Quando eu compartilho alguma ferramenta ou dica da Disciplina Positiva, muitas pessoas me perguntam: “mas Mari, será que isso vai funcionar com uma criança de tal idade?”.  E o que eu costumo responder é que a gente tem que pensar, primeiro, no que está por trás de uma ferramenta ou de uma dica prática.

“Como assim, Mari?” Veja bem, tudo que está por trás das nossas maneiras de falar, de agir, e da prática, em si, da Disciplina Positiva, é o respeito. Então, precisamos lembrar que, independentemente da idade da criança, todas merecem respeito — não importa a idade que elas tenham.

O que considerar antes de aplicar as ferramentas da disciplina positiva

Precisamos lembrar de aplicar as ferramentas e dicas práticas não só com o intuito de funcionar, de fazer dar certo. Muitas vezes, nos apegamos a esses recursos esperando que a criança mude com nosso novo jeito de falar e com essas novas experiências.

Por vezes, criamos expectativas de que a criança reaja sempre bem, não existindo, portanto, mais desafios. Isso acontece porque existe um desejo nosso de que aquela ferramenta seja perfeita para o nosso filho, resolvendo todos os problemas.

Mas o caminho não é bem por aí. Primeiro, precisamos lembrar que essas ferramentas e dicas precisam ser experimentadas. Não acredito que alguma ferramenta ou dica não funcione para algum tipo de criança, porque todas merecem respeito.

Então, se pensamos sempre nisso, no princípio do respeito, não existe uma idade ou tipo de criança com a qual aquela ferramenta não irá funcionar.

A importância do autoconhecimento e das experiências

Existem crianças diferentes, com personalidades diferentes, desafios diferentes, famílias diferentes, então, quando tentamos aplicar uma ferramenta, não estamos seguindo uma receita de bolo.

Pode até ser que as coisas fluam e se resolvam ali, naquele momento em que estou experimentando uma nova ferramenta; mas também pode ser que isso aconteça somente após um tempo, porque as crianças precisam do chamado “tempo de treinamento” — o período para se ajustar àquela nova ideia e perspectiva; assim como nós.

Às vezes, não vai ser uma nem vão ser duas vezes que eu vou tentar e que as coisas vão funcionar. Precisamos sentir mesmo como é aquilo na própria realidade e, talvez, até seja necessário fazer algumas adaptações para a idade da minha criança (ou não).

Será que a criança vai entender a disciplina positiva? Como ela reage?

É normal nos perguntarmos sobre a questão da idade: “será que a criança já é capaz de entender isso?”.  Como muitas estratégias são de comunicação, ficamos na dúvida se a criança tem maturidade para aquele nível de diálogo e comunicação.

O primeiro tipo de linguagem que desenvolvemos é a linguagem receptiva, ou seja, a maneira como recebemos a informação das outras pessoas. Então, as crianças desenvolvem a linguagem receptiva desde muito cedo, enquanto bebês. Eles entendem tudo que falamos; pode ser que a maneira de responder seja diferente, mas entendem.

Talvez, crianças mais novas, que ainda não respondem às coisas verbalmente, vão agir com o corpo, com gestos, com seus movimentos e com seu próprio comportamento, enquanto as crianças mais velhas nos tragam algumas respostas verbais.

No fundo, precisamos mesmo é acreditar na capacidade das crianças de se envolverem nessas ferramentas e dicas práticas; na capacidade delas de entenderem. Precisamos confiar nelas.

E confiar, também, nesse caminho. Se fizemos essa escolha, se acreditamos que esse é um caminho pelo qual desejamos seguir na educação dos nossos filhos, temos que dar um voto de confiança. Depois que experimentarmos, fazemos os ajustes necessários e personalizados.

Espero que tenha gostado dessa reflexão sobre a questão da idade.

Com amor, Mari.

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Mariana Lacerda

Mariana Lacerda é TERAPEUTA OCUPACIONAL, MESTRE em Ciências da Reabilitação e DOUTORANDA em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG e EDUCADORA PARENTAL em Disciplina Positiva certificada pela Positive Discipline Association.

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