Falar “não” ou ser permissivo? Existe um caminho do meio na Disciplina Positiva

Mae e filha brincando de pega-pega em um lindo cenário verde em contato com a natureza.

Vamos conversar um pouquinho sobre o “não”? Quando começamos a conhecer a Disciplina Positiva, achamos que se trata de algo muito próximo da permissividade, que não vamos falar “não” para as crianças. Mas Disciplina Positiva não é permissividade. 

Na Disciplina Positiva, temos sugestões e orientações para conduzir as crianças, principalmente as mais novas, sem focar tanto no uso da palavra “não”. As crianças mais novinhas, especialmente as menores de 3 anos, não entendem o “não”, por se tratar de um conceito muito abstrato para elas. Por isso, elas têm uma necessidade de receber esses limites e condições de maneiras diferentes, apesar de ficarmos presos a mostrar o que não pode ser feito.

Então, quando falamos em evitar o “não”, é sob uma perspectiva inteligente de usar estratégias que a criança realmente seja capaz de entender. Lembrando que a gente vai precisar repetir todas as estratégias muitas vezes, porque as crianças estão em um processo de aprendizado e crescimento. 

Elas precisam ouvir as coisas muitas vezes — ela não aprende de primeira; pode até saber, mas não quer dizer que isso será fixado na memória dela. A repetição é algo extremamente importante nesse processo de desenvolvimento da criança. 

Como colocar limites sem falar “não” a todo momento: técnicas da Disciplina Positiva

Em vez de gastar energia com essa palavra, podemos focar no que desejamos, sendo objetivos com a criança. Podemos falar com ela o que fazer. Exemplo: em vez de falar que não é para mexer em tal objeto, fale com qual objeto ela pode brincar. 

A segunda dica é: em situações plausíveis, distrair e redirecionar a criança para outra coisa; canalizar a sua atenção para o que é possível e aceitável. Se ela quiser brincar com algo que não pode, mostre um brinquedo que ela possa gostar.

Outra opção é oferecer escolhas limitadas para a criança. Em vez de falar, por exemplo, que ela não deve beber refrigerante, ofereça um suco e duas opções de sabor. Isso já limita e mostra que não pode o refrigerante, mas sem ficar batendo na tecla do “não”, percebe?

Essas são estratégias que nos ajudam a conduzir e a colocar os limites sem ficar dependendo da palavra “não”, que, normalmente, causa resistência, pois é mesmo cansativo escutar isso o dia todo. 

O espelhamento do “não”: quando as crianças começam a negar tudo

Muitas vezes, as crianças aprendem conosco a falar “não” a todo momento. Quando elas começam a negar o que pedimos, precisamos observar se não estamos fazendo o mesmo com elas.

É sempre bom realizar a auto-observação: será que é realmente necessário falar “não”? Estou falando “não” para tudo e colocando limites porque quero controlar e tenho medo de ser permissivo ou tenho medo de perder o controle sobre a criança, e ela não me respeitar? 

Em algumas situações vamos sentir no nosso coração que podemos ceder, e que isso não necessariamente significa permissividade. Com isso, as crianças vão se espelhar em nós.

As consequências do “não” insistente

Se passamos o dia podando as crianças, também podamos o seu desenvolvimento, a criatividade e a habilidade delas de resolver problemas. Claro que a intenção da negação é ajudar a criança, mas não significa que isso irá acontecer. 

Precisamos ampliar o nosso olhar e pensar “é possível dizer sim para isso?”. “Está tudo bem ser flexível neste momento?”.

Espero que tenha gostado dessa reflexão sobre o “não”, sobre os limites e estratégias para conduzir as crianças sem necessariamente ficar focado em uma única forma de educar.

Um beijo da Mari.

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Mariana Lacerda

Mariana Lacerda é TERAPEUTA OCUPACIONAL, MESTRE em Ciências da Reabilitação e DOUTORANDA em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG e EDUCADORA PARENTAL em Disciplina Positiva certificada pela Positive Discipline Association.

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