Como ensinar empatia para os nossos filhos?

Mãe, morena segurando calorosamente seus filhos no seu colo, crianças de aproximadamente três anos

Recebo muitas perguntas sobre como ensinar empatia para as crianças. Essa é uma das habilidades de vida que os pais e responsáveis mais almejam para os filhos. É natural e especial considerarmos a empatia uma habilidade extremamente importante. Se nossos filhos forem empáticos, poderão transformar o mundo!

Quanta diferença faria nesse exato momento da nossa vida se estivéssemos encontrado pessoas e relacionamentos mais simpáticos? 

Ensinando as crianças a serem empáticas: tudo começa na nossa relação com elas

A nossa responsabilidade de ensinar empatia não é algo teórico, mas, sim prático. A melhor maneira de ensinar empatia para os nossos filhos é praticando-a, não só com outras pessoas, mas, principalmente, com eles.

Na maior parte das vezes temos facilidade de sermos empáticos e de entender o lado do outro no relacionamento com adultos, mas dificilmente conseguimos fazer o mesmo no relacionamento com a criança. 

Entendemos o que está se passando com o outro adulto porque sabemos o que ele pode estar sentindo e vivenciando. Nós nos identificamos na dificuldade e no desafio dele. 

Já em relação à criança, é muito mais desafiador retornarmos na nossa mente e no nosso coração como nos sentíamos quando éramos criança em situações de perda, dúvida de sermos amados, sono, cansaço, ciúmes, frustração e outras tantas outras.

O desafio de se colocar no lugar da criança

Isso, portanto, dificulta o processo de entender o que e por que nosso filho está passando por determinados desafios. Nos esquecemos tanto disso que cobramos do nosso filho reações e ações maduras, e não de uma criança, que está em pleno processo de aprendizado. 

Nosso grande exercício é sermos empáticos com nossos filhos. Isso quer dizer aceitar todo e qualquer comportamento deles? Não. A criança terá comportamentos e atitudes inaceitáveis, mas o sentimento e a emoção dela são aceitáveis. Todas as emoções e sentimentos são aceitáveis. 

Eu li outro dia esse trecho do livro “Crianças Dinamarquesas”: “crianças a quem se diz constantemente como se sentir ou se comportar não terão o mesmo desenvolvimento daquelas cujos sentimentos são reconhecidos, e as quais se permitem expressar um leque integral de emoções. Elas podem se sentir desconectadas daquilo que realmente sentem, o que torna mais difícil uma travessia sadia pelas diversas decisões a se tomar durante a vida, talvez, também, sintam um vazio e uma insatisfação profundos. Como saber o que queremos, se não sabemos como nos sentimos?”. 

Eu achei tão maravilhoso esse trecho! Acredito que uma das nossas grandes dificuldades em relação a ter empatia pelos nossos filhos é permitir que eles a sintam. 

Dizemos para nossos filhos como devem se sentir e se comportar. Quais as consequências disso?

Queremos moldar, direcionar, fazê-los de marionete, bonecos de argila, certas vezes. Mas eles não estão aqui para isso. Como eles vão saber quais decisões tomar, o que querem, o que vão fazer com esses sentimentos, se não os permitirmos sentirem e expressarem? 

Isso faz com que eles se desconectem deles mesmos e de nós. Por isso é tão difícil nos conectarmos com eles! Nós também não fomos acolhidos nos nossos sentimentos, não recebemos essa empatia, não tivemos, talvez, a permissão de expressar os nossos sentimentos e as nossas emoções — já viemos de um processo desconectado de nós mesmos.

Fazer exercícios de conectar com os nossos filhos, gerar empatia para com eles e ajudá-los nesse processo não é fácil. O nosso exercício de empatia pelos nossos filhos começa com a conexão com nós mesmos e com as nossas emoções. 

Quando tivermos dúvidas sobre como ensinar nossos filhos a terem empatia, podemos olhar para o nosso próprio exercício. Combinado?

Um beijo carinhoso da Mari!

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Mariana Lacerda

Mariana Lacerda é TERAPEUTA OCUPACIONAL, MESTRE em Ciências da Reabilitação e DOUTORANDA em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG e EDUCADORA PARENTAL em Disciplina Positiva certificada pela Positive Discipline Association.

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