Educar com respeito ou com medo? Saiba a diferença entre os dois caminhos.

Criança sentada com os joelhos junto ao corpo, sendo segurados pelo abraço de suas mães, e com a sua cabeça aninhada sobre o joelho com um semblante triste, chateada.

Há um tempo, as relações entre pais e filhos se davam por meio do respeito numa via de mão única, em que os filhos respeitavam os pais, mas não da mesma forma que os pais os respeitavam. 

Não estou dizendo que não existia amor, carinho ou afeto. Tenho certeza que os pais das gerações anteriores também eram muito amorosos, carinhosos, tinham afeto e eram os melhores pais que poderiam ser, mas entendiam o respeito a partir dessa via de mão única, baseada no medo

Muitas pessoas até relatam: “meu pai e minha mãe me olhavam e eu já sabia que eu tinha que respeitar; bastava um olhar para eu obedecer”. Só que por trás desse olhar não havia diálogo, harmonia ou conexão. Era um olhar que impunha medo e, a partir disso, se algo não fosse cumprido, culpa e vergonha eram geradas dentro de nós.

A relação de respeito entre pais e filhos nos dias atuais

Hoje, queremos que nossos filhos reconheçam, em nosso olhar, carinho, afeto e amor, não medo. Que eles tenham respeito sim, com certeza, mas estamos passando a entender que esse respeito deve existir em uma via de mão dupla — para eles nos respeitarem, precisamos respeitá-los. 

Buscamos criar uma relação de segurança e confiança, em que possam contar com a gente, que tenham intimidade, saibam que são aceitos, amados e importantes. Que eles não tenham medo de nos contar alguma coisa de errado que fizeram, que não tenham vergonha de ser quem são, e que não façam coisas só para nos agradar ou para atender às nossas expectativas.

Desejamos que sejam sinceros e corajosos para dizer quem são, podendo saber que podem errar. 

A lógica do medo por trás do respeito

Essa lógica do medo nos leva a impor e ultrapassar a firmeza para aterrorizar, ameaçar e gerar insegurança. Dessa maneira, os nossos filhos não se sentem pertencentes a nós, pois têm medo de não pertencer, de errar e do que pode acontecer.

Quando as crianças erram e sentem vergonha e culpa, não se reconhecem boas o suficiente e se tornam inseguras. Por isso é tão importante manter um respeito com gentileza e amorosidade, não com ameaças e insegurança. 

Ao fazermos combinados, determinamos regras, estabelecemos coisas que são importantes de serem cumpridas na nossa família e na nossa casa. Existe uma diferença enorme entre a criança participar e se envolver, entendendo por que aquilo é importante, e simplesmente cumprir para nos agradar, não por que internalizou a questão. Desse jeito, não vai ser real. 

As consequências do educar com respeito

Quanto mais pudermos olhar para as nossas crianças e lidar com elas nesse lugar do respeito em uma via de mão dupla, melhor. Se a criança tem um exemplo de respeito, ela também aprende a respeitar. 

Esse caminho é muito melhor para nós, mais garantido e possível de termos uma relação com sinceridade, honestidade, cumplicidade e intimidade. É tudo isso que desejamos, certo? Por trás do nosso desejo de educar com respeito, existe um desejo profundo de estabelecer uma relação segura, com conexão para o resto da vida. 

Portanto, vamos aprender a ser firmes, sim, a colocar limites, a estabelecer as regras, os combinados e aquilo que é importante para a gente, mas, sem medo, sem aterrorizar, sem gerar culpa, humilhação, vergonha. Vamos gerar compreensão, amorosidade e respeito. 

Um abraço da Mari.

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2 respostas

  1. Mariana, adorei o conteúdo sobre “Educar com respeito”. Você me encantou com seu jeitinho claro e objetivo para explicar a diferença entre medo e respeito. Obrigada! Virei sua fã!

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Mariana Lacerda

Mariana Lacerda é TERAPEUTA OCUPACIONAL, MESTRE em Ciências da Reabilitação e DOUTORANDA em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG e EDUCADORA PARENTAL em Disciplina Positiva certificada pela Positive Discipline Association.

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