Sempre falo que precisamos observar, entender, descobrir e fazer o exercício de olhar para a necessidade por trás do comportamento da criança. Quando ela apresenta um comportamento desafiador, o convite que eu faço é não reagir de maneira punitiva ou depreciativa, mas, sim, tentar identificar qual é a necessidade por trás daquele comportamento.
E, acredite: sempre vai existir alguma coisa que ela queira nos dizer, e que somente não está conseguindo expressar. O “mau comportamento” não é nada mais que isso!
“Mari, como faço para descobrir qual é a necessidade por trás do comportamento do meu filho?”
A base das necessidades da criança é se sentir amada, aceita e importante. Os comportamentos desafiadores vêm mostrar isso, que ela, muitas vezes, não consegue pedir e dizer de outra forma.
E aí, como podemos esmiuçar essas necessidades? Porque a necessidade vai ter essa raiz, mas o tronco pode ter várias outras questões — para cada criança e situação.
O exercício que precisamos fazer é muito parecido com o que fazemos quando temos um bebê recém-nascido. Você não conhece nada sobre ele, e qual é o caminho? Observar.
Aprendemos a ouvir e a interpretar os sinais do bebê recém-nascido, pois ele não fala, praticamente só chora, né? Faz resmungos e tem algumas expressões faciais. Por isso, o tempo todo tentamos identificar: “esse sinal é de sono, esse é de cansaço, esse é de fome”.
A importância de observar nossos filhos
Em determinado momento, deixamos de fazer esse exercício de observação: quando as crianças já demonstram as coisas com mais clareza, principalmente quando já falam. Com isso, acabamos perdendo ou esquecendo de estar nesse lugar de interpretação e observação.
E essa é uma tarefa essencial para nós, pais e responsáveis. Quando conseguimos sintonizar com esses sinais e com as necessidades dos nossos filhos, temos a oportunidade de construir com eles um relacionamento de conexão e forte, baseado numa qualidade de comunicação em que a criança sabe que é compreendida e recebe de volta uma relação não-violenta nem punitiva, mas respeitosa e amorosa.
Como lidar com o mau comportamento da minha criança?
O convite é: voltar às origens. Fazer o exercício de lembrar de quando ele era recém-nascido. “Como descobri tanta coisa sobre ele?”. Você já fez isso com essa criança, então, é possível se colocar nesse lugar novamente.
O comportamento é só a pontinha do iceberg, é aquilo que a gente está vendo ali em cima da água, mas a necessidade é tudo que está embaixo da água, todo o resto do iceberg, ou seja, 90%.
Então, como posso ver esses 90% (o comportamento desafiador)? Fazendo esse exercício de ouvir, interpretar e responder aos sinais e às necessidades das nossas crianças.
Lembrando que responder às necessidades das crianças é diferente de responder a todas as vontades. Não tem a ver com permissividade, tem a ver com acolhimento, empatia, compreensão, comunicação e afeto.
Que a gente não confunda e vá pelo caminho do medo de responder às necessidades e se tornar permissivo…
Estamos falando de necessidades físicas e emocionais, parte da nossa estrutura como seres humanos, que possui como base a necessidade primária de nos sentirmos amados, aceitos e importantes.
Um beijo.