Como temos disciplinado as nossas crianças? Temos aproveitado os momentos em que elas se comportam de uma maneira mais desafiadora para ensinar ou para punir? Quando aproveitamos a oportunidade de ensinar através de um comportamento desafiador, entendemos que as crianças não são indisciplinadas, apenas estão em processo de amadurecimento.
Normalmente, a criança se comporta de maneira desafiadora porque ainda não é capaz de regular seus sentimentos e emoções; ainda está usando seu cérebro primitivo e aprendendo a lidar com as situações que são desafiadoras para ela.
A conexão com a criança e o aprendizado na situação desafiadora
Dessa maneira, percebemos que os chamados “maus comportamentos” não são para nos atacar, para nos dizer que somos pais e mães ruins, nem mesmo que está tudo perdido. Passamos a olhar para essas crianças como seres em evolução em um processo de aprendizado — por isso, precisam ser conduzidas.
A Jane Nelsen tem uma frase incrível, que é: “de onde tiramos a ideia absurda de que para a criança agir melhor é preciso que ela se sinta pior?”. Às vezes, quando vamos disciplinar, xingamos, gritamos, usamos estratégias e recursos como punição, retirada de privilégios e cantinho do pensamento, fazendo-as se sentirem pior, em um lugar de culpa, vergonha e humilhação.
Isso faz com que a gente se distancie e se desconecte da criança cada vez mais, porque conectar com ela é, também, conectar com as necessidades dela e com seu nível de maturidade.
A maturidade da criança e o educar com respeito
Quando uso recursos como os citados acima, não me conecto com o nível de maturidade dela, simplesmente me preocupo em impedir e interromper o mau comportamento. Então, não pratico empatia para pensar qual orientação ela precisa.
Se me comprometo a ensinar, acolho o sentimento dela, o valido, entendo o que pode estar por trás daquele comportamento desafiador e busco, com ela, soluções que possam ser possíveis em uma próxima vez.
Não é colocar a criança dentro de um buraco onde ela se sinta culpada e humilhada, mas ajudá-la a pisar em um terreno onde se sinta confiante, porque ela é um ser humano, logo, erra — assim como todos nós.
O amadurecimento vem com o aprendizado (e os erros)
Para a criança entender que tudo isso é natural, ela precisa de apoio, de alguém que a olhe com empatia e diga: “estou vendo seu comportamento desafiador, mas o vejo como uma expressão de um cérebro que ainda é imaturo, tem suas necessidades e que ainda não sabe expressá-las… estou aqui, disponível emocionalmente e fisicamente, para te ajudar a encontrar outros caminhos”. Disciplinar tem a ver com ensinar, empatia e acolhimento — não com punição.
Lembrando que sempre que escolhemos o caminho da punição colocamos uma peça no jogo a mais para a desconexão e uma a menos para a conexão. Talvez você esteja pensando: “nossa, mas eu já fiz tanto isso! Eu já estou muito distante dos meus filhos?”.
Sempre é tempo de recomeçar
Não importa onde você esteja nesse caminho, o que importa é onde você quer estar, onde quer chegar. Se você quer chegar em um lugar de conexão, educação com respeito, empatia, acolhimento pelos seus filhos, mantenha o foco nisso. Não volte para esse lugar antigo de culpa e de humilhação em você mesmo.
É justamente isso que a gente precisa praticar. A partir de nós mesmos, podemos ajudar as crianças, também, a lidar com seus erros de forma mais humana. Espero que tenha gostado dessa reflexão sobre o ato de disciplinar e de ver, sob outro olhar, o comportamento das crianças.
O que você achou dessa reflexão? Me conta aqui.
Com amor, Mari.