Meu filho não aceita ser contrariado: e agora?

Criança de aproximadamente sete anos de idade, sentada com a mão apoiada no queixo com olhar expressando descontentamento.

Muitas pessoas me perguntam: “Mari, quando alguma coisa acontece de forma diferente do que meu filho gostaria, ele fica muito nervoso, bate, grita, se frustra… O que eu faço?”.

Vamos a uma reflexão começando por nós, adultos: como nos sentimos quando somos contrariados e estamos frustrados? Como reagimos quando as coisas não saem como esperávamos? Será que nós, adultos, sabemos lidar com isso tão bem assim, e tão melhor que as crianças?

Primeiro, uma auto-reflexão

O jeito que falamos, como por exemplo, “meu filho não aceita quando as coisas saem de forma diferente do que ele queria”, passa a impressão de que conseguimos lidar muito bem quando estamos nesse mesmo lugar. Mas, será? Eu acho que não. Nós também temos expectativas, planos, imaginamos as coisas de uma forma diferente do que elas acabam acontecendo. 

Quando as coisas não saem como esperávamos, reagimos às frustrações de uma maneira — apenas — diferente. Por quê? Primeiro, porque já somos adultos. E olha que, mesmo assim, vemos reações de pessoas adultas bastante infantis — como por exemplo, mergulhar na frustração descontando em vícios como bebida, cigarro, compras e comida. 

Então, o que esperar da criança quando ela é contrariada?

Não devemos esperar que ela não se frustre, porque a frustração é natural. O caminho não é “o que eu tenho que fazer para ela não se sentir contrariada”, pois isso vai acontecer com todos nós, em todas as fases das nossas vidas.

Não vamos, na Disciplina Positiva, tentar impedir que a criança passe por isso, mas, sim, estar ao lado dela emocionalmente e entender os seus sentimentos, sem colocá-los como anormais. 

Tudo o que a criança sente em momentos desafiadores é natural, e tentar ajudá-la a lidar com isso, descobrindo formas de perceber e resolver a situação: esse é o nosso papel!  

Vamos ensinar que é possível se respeitar e respeitar o outro, que está tudo bem ter determinados sentimentos, mas que vamos separá-los das nossas ações. Precisamos ensinar a criança a encontrar soluções para colocar para fora a frustração, a raiva ou outros sentimentos como a ansiedade.

Nem tudo é como gostaríamos, inclusive o tempo da criança

Quando fizermos esse exercício de apoiar a criança diante da frustração, precisamos lembrar que o efeito será a longo prazo; cada vez que a ajudamos a lidar melhor com as suas emoções, mais madura ela vai ficando, e melhor preparada para a vida como um adulto. 

Nós, adultos, também nos sentimos frustrados, mas como não aprendemos a lidar com isso, teremos uma reação diferente; algumas pessoas vão guardar, outras, “explodir”, enquanto outras irão exagerar nos vícios. Cada um reagirá de uma maneira, mas é bom lembrar o quanto também estamos mergulhados e propensos a isso. 

Precisamos nos humanizar para as crianças, porque elas precisam ver adultos humanos, que também passam pelos mesmos sentimentos e emoções. A questão, mais uma vez, é como vamos lidar com isso.

Consequentemente, passamos, também, a humanizar a criança ao invés de buscar o que fazer para que ela não sinta essas coisas taxadas como “negativas”. Vamos pensar como ensinar nossas crianças a lidarem com suas emoções — e, assim, levarem por toda a vida. 

Espero que você tenha gostado dessa reflexão. Beijo, e até mais!

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Mariana Lacerda

Mariana Lacerda é TERAPEUTA OCUPACIONAL, MESTRE em Ciências da Reabilitação e DOUTORANDA em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG e EDUCADORA PARENTAL em Disciplina Positiva certificada pela Positive Discipline Association.

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