Mulher sentada com a mão na cabeça

O que fazer quando não consigo aplicar a disciplina positiva com meu filho?

Hoje eu vim compartilhar com você sugestões para momentos de angústia. Sabe aqueles momentos em que acabamos perdendo a cabeça, gritando ou tendo reações punitivas que, inclusive, estamos buscando evitar?

Você não precisa se culpar. O fato de buscarmos a educação com respeito e aprender mais sobre disciplina positiva não quer dizer que nunca mais vamos repetir padrões. Não precisamos buscar a perfeição, e, sim, mais consciência, melhorias pessoais, criando cada dia mais uma relação respeitosa com os nossos filhos.

Em alguns dias, acabaremos perdendo o controle, algumas coisas não acontecerão como gostaríamos, e isso pode nos gerar tristeza, angústia e culpa. Aí partimos para a seguinte questão: o que podemos fazer para nos ajudar, nos acolher?

Dentro da disciplina positiva, existe um conceito, um princípio, que se torna uma ferramenta, chamada “erros como oportunidade de aprendizado”. Vou explicar para você como aplicá-la no seu dia a dia e como ela pode fazer total diferença na educação da sua criança. Vamos juntas?

O princípio da disciplina positiva tem início em você

A melhor maneira de lidar com os momentos em que saímos do nosso eixo é olhar para o erro cometido como uma oportunidade de aprendizado. Reflita: “o que eu aprendi”, “o que eu poderia ter feito diferente” e “como eu gostaria de fazer diferente da próxima vez”. Mantenha o foco na próxima vez.

Alguns direcionamentos como, na próxima vez, utilizar melhor as palavras, tentar se conectar mais e respirar fundo antes de tomar qualquer atitude a ajudarão profundamente. Esse movimento de aplicar o princípio antes de ser aplicado com a criança porque, assim, damos o exemplo.  

Afinal, como lidar melhor com os erros cometidos pela criança ao longo da vida e aplicar esse princípio de “erros como oportunidade de aprendizado” com ela se eu não conseguir aplicar comigo mesma?

Se toda vez que você errar, se culpar, sentir vergonha de quem é, achar que é uma péssima mãe, um péssimo pai, que não serve, não consegue educar bem seu filho na linha do respeito, se desistir de você, é sobre tudo isso que estará ensinando para o seu filho quando ele também errar.

Então é muito importante a gente aplicar esse conceito de erros como oportunidade de aprendizado com a gente mesmo nesses momentos.

O que fazer quando perder o eixo

As outras sugestões que vou compartilhar, eu li num livro da Magda Gomes Dias, autora do blog “Mamis The Boss”, de Portugal, que infelizmente não vende no Brasil. São sugestões poderosas. Vamos a elas.

Respire fundo

Acalme-se, conecte-se consigo mesma para fazer o exercício de olhar para o erro como uma oportunidade de aprendizado, de pensar como fazer diferente da próxima vez. Essa é a primeira coisa a se fazer.

Anote e registre as vezes que conseguiu fazer diferente, porque na maioria das vezes ficamos presas somente nos erros, naquele dia em que errou e não deu conta, mas nos esquecemos dos momentos em que conseguimos fazer um pouquinho diferente, pois estávamos mais pacientes e chegamos a respirar fundo, mesmo tendo perdido a cabeça depois, chegando a gritar ou bater.

Registre os momentos de sucesso para que, nos momentos de frustração, em que sentir-se perdida no caminho, consiga retomar, olhar para o contexto e sentir orgulho dos próprios processos.

Recomece

Pense no que pode ser feito diferente da próxima vez. Podemos pedir desculpa à criança, inclusive dar esse exemplo, porque costumamos insistir para que ela faça o mesmo, diariamente.  

Gosto muito de uma expressão chamada “reparar”. Eu acho que vai além da palavra “desculpa”. Muitas vezes, banalizamos a desculpa, pedindo para a criança se desculpar a todo momento, sendo que essa palavra, muitas vezes, só sai da boca para fora. Precisamos pensar: “o quanto ela está realmente engajada nesse processo?”.

Eu gosto muito de usar com as crianças frases nesse sentido: “como você quer reparar isso?”, “como pretende deixar o outro se sentir melhor?”, “como pode ajudar a outra pessoa que você machucou a se sentir melhor?”. E isso é reparar determinada ação.

O mesmo serve para os adultos: “como posso reparar essa ação com o meu filho?”. Talvez seja pedindo desculpas, dizendo verbalmente. Talvez seja dando um abraço, escrevendo uma carta, convidando para uma atividade juntos… Sinta no seu coração como deseja reparar aquela atitude e trazer para a sua criança essa realidade da humanidade, de que todos nós erramos, somos falhos, mas que continuamos sendo amados, aceitos e importantes. Essa prática também gera senso de pertencimento tanto para nós quanto para a criança.

Reconecte-se  

Reconexão é buscar se voltar para a criança depois de fazer esse movimento interno de auto-reflexão. É seguir juntos, conectados, respirar juntos, se acalmar juntos, fazer uma atividade divertida juntos, e retomar o bem-estar entre um e outro, cada um no seu tempo e no seu ritmo, mas também buscar momentos em que você e a criança possam estar conectados novamente.

Espero que tenham gostado dessas sugestões para os momentos mais desafiadores, em que nos vemos vulneráveis, conduzindo as situações por um caminho antigo, que não queremos mais. Existem muitas possibilidades para lidar com essas circunstâncias da melhor forma para a gente e para a criança. Ouça seu coração!

Se você está à busca de mais conhecimento sobre a disciplina positiva, eu preparei um e-book sobre o assunto, que você pode gostar. Basta clicar neste link, tá bom?

Com amor, Mari.

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Picture of  Dra. Mariana Lacerda

Dra. Mariana Lacerda

Terapeuta ocupacional, Mestre em Ciências da Reabilitação e Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG.

Uma abordagem baseada em afeto e respeito para transformar a educação de crianças e jovens.

Aprenda como lidar com as explosões emocionais das crianças de forma respeitosa e eficaz.

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