Recebo muitas perguntas sobre como ensinar empatia para as crianças. Essa é uma das habilidades de vida que os pais e responsáveis mais almejam para os filhos. É natural e especial considerarmos a empatia uma habilidade extremamente importante. Se nossos filhos forem empáticos, poderão transformar o mundo!
Quanta diferença faria nesse exato momento da nossa vida se estivéssemos encontrado pessoas e relacionamentos mais simpáticos?
Ensinando as crianças a serem empáticas: tudo começa na nossa relação com elas
A nossa responsabilidade de ensinar empatia não é algo teórico, mas, sim prático. A melhor maneira de ensinar empatia para os nossos filhos é praticando-a, não só com outras pessoas, mas, principalmente, com eles.
Na maior parte das vezes temos facilidade de sermos empáticos e de entender o lado do outro no relacionamento com adultos, mas dificilmente conseguimos fazer o mesmo no relacionamento com a criança.
Entendemos o que está se passando com o outro adulto porque sabemos o que ele pode estar sentindo e vivenciando. Nós nos identificamos na dificuldade e no desafio dele.
Já em relação à criança, é muito mais desafiador retornarmos na nossa mente e no nosso coração como nos sentíamos quando éramos criança em situações de perda, dúvida de sermos amados, sono, cansaço, ciúmes, frustração e outras tantas outras.
O desafio de se colocar no lugar da criança
Isso, portanto, dificulta o processo de entender o que e por que nosso filho está passando por determinados desafios. Nos esquecemos tanto disso que cobramos do nosso filho reações e ações maduras, e não de uma criança, que está em pleno processo de aprendizado.
Nosso grande exercício é sermos empáticos com nossos filhos. Isso quer dizer aceitar todo e qualquer comportamento deles? Não. A criança terá comportamentos e atitudes inaceitáveis, mas o sentimento e a emoção dela são aceitáveis. Todas as emoções e sentimentos são aceitáveis.
Eu li outro dia esse trecho do livro “Crianças Dinamarquesas”: “crianças a quem se diz constantemente como se sentir ou se comportar não terão o mesmo desenvolvimento daquelas cujos sentimentos são reconhecidos, e as quais se permitem expressar um leque integral de emoções. Elas podem se sentir desconectadas daquilo que realmente sentem, o que torna mais difícil uma travessia sadia pelas diversas decisões a se tomar durante a vida, talvez, também, sintam um vazio e uma insatisfação profundos. Como saber o que queremos, se não sabemos como nos sentimos?”.
Eu achei tão maravilhoso esse trecho! Acredito que uma das nossas grandes dificuldades em relação a ter empatia pelos nossos filhos é permitir que eles a sintam.
Dizemos para nossos filhos como devem se sentir e se comportar. Quais as consequências disso?
Queremos moldar, direcionar, fazê-los de marionete, bonecos de argila, certas vezes. Mas eles não estão aqui para isso. Como eles vão saber quais decisões tomar, o que querem, o que vão fazer com esses sentimentos, se não os permitirmos sentirem e expressarem?
Isso faz com que eles se desconectem deles mesmos e de nós. Por isso é tão difícil nos conectarmos com eles! Nós também não fomos acolhidos nos nossos sentimentos, não recebemos essa empatia, não tivemos, talvez, a permissão de expressar os nossos sentimentos e as nossas emoções — já viemos de um processo desconectado de nós mesmos.
Fazer exercícios de conectar com os nossos filhos, gerar empatia para com eles e ajudá-los nesse processo não é fácil. O nosso exercício de empatia pelos nossos filhos começa com a conexão com nós mesmos e com as nossas emoções.
Quando tivermos dúvidas sobre como ensinar nossos filhos a terem empatia, podemos olhar para o nosso próprio exercício. Combinado?
Um beijo carinhoso da Mari!