Muitas pessoas me contam sobre a relação com suas crianças e os desafios enfrentados. Percebo que as pessoas estão sempre tentando dar o seu melhor, educar com respeito e buscar conexão com seus filhos.
É comum eu receber perguntas como: “Mari, quando meu filho fica contrariado, eu me abaixo, olho nos olhos dele, converso, pergunto o que está acontecendo, se posso dar um abraço e nada disso funciona, o que estou fazendo de errado?”, “como posso fazer diferente?” e “como posso ajudar o meu filho?”.
“Nada do que eu faço adianta”: será?
Primeiro é importante entendermos que se sentir frustrado e contrariado faz parte da nossa vida como seres humanos. Não tem como eliminarmos isso, então, a criança vai se sentir assim.
Mas a forma como ela vai reagir a isso — e estamos no processo de ensinar para ela que existem outras possibilidades — pode ser diferente. Você está conectando com sua criança quando:
- Acolhe;
- Valida seus sentimentos;
- Diz que entende seus sentimentos;
- Fala que às vezes também se sente daquela maneira que ela está se sentindo;
- Oferece um abraço;
- Olha nos olhos dela.
Às vezes temos a sensação de que como a criança teve uma reação difícil, nada do que a gente fez funcionou, e uma coisa não está ligada a outra. É natural a criança se sentir contrariada, frustrada e reagir da maneira com que a maturidade dela permite, porque não é uma pessoa adulta que já desenvolveu habilidades emocionais — ainda está nesse processo.
O fato de você se conectar com o seu filho não quer dizer que ele não vai mais passar por essas situações; quer dizer que ele vai passar por essas situações com seu apoio.
Expectativas na Disciplina Positiva e a autocobrança
Por vezes, criamos expectativas de que essas estratégias da Disciplina Positiva, de comunicação não violenta, de criação com apego, eliminem os nossos desafios com as crianças, mas não é possível.
Se você achar alguém falando que você deve fazer tal coisa com seu filho e que você nunca mais vai passar por essa situação, me desculpe, mas essa pessoa deve estar mentindo para você, porque somos seres humanos.
Estamos o tempo todo administrando as nossas emoções, a nossa rotina e o nosso dia-a-dia. A transformação que acontece quando usamos essas abordagens positivas gera resultado a longo prazo, e não visa apenas interromper o mau comportamento.
Esses ensinamentos da Disciplina Positiva existem para nos ajudar a conectar com a criança e a fazermos se sentir aceita, amada, importante e validada — com isso, estabelecer uma relação mais profunda com ela, não somente em determinado momento, mas, também, no futuro.
Isso vai fazer com que ela se lembre dessa relação construída entre vocês, e não do medo ou da obediência cega em relação a você. Todo esse trabalho, toda essa mensagem, todo esse esforço que fazemos diariamente para educar com respeito e tratar a criança com a dignidade que ela merece não existe para eliminar o mau comportamento, mas para passarmos por ele com mais qualidade, leveza e conexão.
Buscamos ajudar a criança a desenvolver habilidades emocionais e de autoestima na vida, então, os objetivos são outros.
O que fazer quando não souber se estou agindo certo com meu filho?
Quando você sentir que está fazendo de tudo para se conectar com a sua criança mas que, mesmo assim, ela continua frustrada e reagindo de forma agressiva, respire, tome um tempo, lembre-se de que está dando o seu melhor e que os resultados disso não virão apenas agora, mas, no futuro que vocês estão construindo juntos.
Mais importante que o resultado é o processo em que não estamos buscando a perfeição nem para o adulto e nem para criança. Valorize e celebre os momentos de esforço, tanto seus enquanto adulto quanto da criança, tudo bem? Espero que tenha trazido uma luzinha para você.
Com amor, Mari.