Vamos pensar sobre quando falamos “não” para a nossa criança e desgostamos do que acontece? Tendemos a colocar uma regra para a criança esperando que ela assimile e fale: “tudo bem!”.
Mas como obter essa reação sincera e positiva quando, na maioria das vezes, fazemos isso sem perguntar o que ela está sentindo? Esperamos que ela reaja muito bem, sendo que a chance disso acontecer é mínima.
Quando estamos nesse padrão de colocar um “não” sem empatia com o lado da criança, a chance de não construir uma cooperação com ela é enorme. Quando ela ouvir esse “não”, muito provavelmente vai reagir da maneira como consegue a partir de algo que não foi incluída.
Como incluir a criança sem ser permissivo?
Quando falo de a criança ser incluída, não estou dizendo que vamos só dizer “sim”, que não vamos colocar regras e trazer a possibilidade de combinados com ela. Estou dizendo que, ao colocar esses limites, fazemos isso levando em consideração a criança, para receber o ela está sentindo a partir desse limite.
Se estou preocupado somente em colocar o limite ou a regra, perco a oportunidade de ensinar a criança a lidar com as emoções dela. Quando a criança lida com as suas próprias emoções? Nesses momentos de frustração, raiva e insatisfação que vão à tona várias emoções. E a criança precisa lidar com isso, mas pode ser com nosso apoio.
Esteja disponível emocionalmente para acolher a criança
Se eu não estiver disponível para apoiar a criança nos momentos desafiadores, ensinando-a a lidar com seus sentimentos, será ruim para mim e para ela. É importante lembrarmos: “quem é o adulto dessa relação?”.
Nós somos os adultos, e precisamos estar ali para ajudar a criança a lidar com as emoções que virão dos limites necessários de serem colocados a ela.
Como ela percebe aquele limite colocado por mim? Qual é o impacto daquele limite dentro dela? Essas reflexões irão ajudar a criança a processar suas emoções e a entender o seu desapontamento interno.
A nossa expectativa sobre o “não” que falamos para a criança
O que costumamos fazer? Além de não estarmos disponíveis emocionalmente e criarmos uma expectativa que ela diga “sim”, chegamos a distraí-la depois do “não” ou, mesmo, a desfazê-lo.
Quando digo em desfazer o limite, não estou dizendo dos momentos em que entendemos que podemos voltar atrás e ser flexíveis, mas de evitar que a criança sinta o desapontamento e a frustração.
Então, ou vamos para um extremo de não acolher a criança nesses sentimentos e seguir um caminho de punição ou de ir para a permissividade, que é desfazer os limites porque não sabemos lidar com os sentimentos dela.
O “não” tem a ver com a frustração da criança e com a maneira como lidamos com isso
No fim das contas, sendo um extremo ou outro, o que está envolvido é como lidamos com a frustração da criança. Ou a gente segue não suportando essa frustração e levando a criança para esse lugar de culpa e de vergonha pelo que está sentindo ou ignoramos seu sentimento e não a ajudamos a lidar com ele.
Então, nós, como pais, temos que assumir esse lugar de consciência, presença e disponibilidade emocional que nos foi dado com a paternidade e a maternidade, e estar presentes.
Às vezes, nos preocupamos tanto em dar limites, que nos esquecemos de estar disponíveis para lidar com o que vem depois do “não”. Que a gente possa refletir sobre esse nosso papel e sobre essa continuidade do limite. Espero que tenha gostado dessa reflexão. Beijo e até nosso próximo encontro!