criança de aproximadamente dois anos sentada no chão de madeira, de costas, com a cabeça baixa demonstrando tristeza em sua expressão corporal. t

Falar “não” é importante, mas lidar com o que vem depois, é fundamental

Vamos pensar sobre quando falamos “não” para a nossa criança e desgostamos do que acontece? Tendemos a colocar uma regra para a criança esperando que ela assimile e fale: “tudo bem!”. 

Mas como obter essa reação sincera e positiva quando, na maioria das vezes, fazemos isso sem perguntar o que ela está sentindo? Esperamos que ela reaja muito bem, sendo que a chance disso acontecer é mínima. 

Quando estamos nesse padrão de colocar um “não” sem empatia com o lado da criança, a chance de não construir uma cooperação com ela é enorme. Quando ela ouvir esse “não”, muito provavelmente vai reagir da maneira como consegue a partir de algo que não foi incluída. 

Como incluir a criança sem ser permissivo?

Quando falo de a criança ser incluída, não estou dizendo que vamos só dizer “sim”, que não vamos colocar regras e trazer a possibilidade de combinados com ela. Estou dizendo que, ao colocar esses limites, fazemos isso levando em consideração a criança, para receber o ela está sentindo a partir desse limite. 

Se estou preocupado somente em colocar o limite ou a regra, perco a oportunidade de ensinar a criança a lidar com as emoções dela. Quando a criança lida com as suas próprias emoções? Nesses momentos de frustração, raiva e insatisfação que vão à tona várias emoções. E a criança precisa lidar com isso, mas pode ser com nosso apoio. 

Esteja disponível emocionalmente para acolher a criança

Se eu não estiver disponível para apoiar a criança nos momentos desafiadores, ensinando-a a lidar com seus sentimentos, será ruim para mim e para ela. É importante lembrarmos: “quem é o adulto dessa relação?”.

Nós somos os adultos, e precisamos estar ali para ajudar a criança a lidar com as emoções que virão dos limites necessários de serem colocados a ela. 

Como ela percebe aquele limite colocado por mim? Qual é o impacto daquele limite dentro dela? Essas reflexões irão ajudar a criança a processar suas emoções e a entender o seu desapontamento interno.

A nossa expectativa sobre o “não” que falamos para a criança 

O que costumamos fazer? Além de não estarmos disponíveis emocionalmente e criarmos uma expectativa que ela diga “sim”, chegamos a distraí-la depois do “não” ou, mesmo, a desfazê-lo. 

Quando digo em desfazer o limite, não estou dizendo dos momentos em que entendemos que podemos voltar atrás e ser flexíveis, mas de evitar que a criança sinta o desapontamento e a frustração. 

Então, ou vamos para um extremo de não acolher a criança nesses sentimentos e seguir um caminho de punição ou de ir para a permissividade, que é desfazer os limites porque não sabemos lidar com os sentimentos dela.

O “não” tem a ver com a frustração da criança e com a maneira como lidamos com isso

No fim das contas, sendo um extremo ou outro, o que está envolvido é como lidamos com a frustração da criança. Ou a gente segue não suportando essa frustração e levando a criança para esse lugar de culpa e de vergonha pelo que está sentindo ou ignoramos seu sentimento e não a ajudamos a lidar com ele. 

Então, nós, como pais, temos que assumir esse lugar de consciência, presença e disponibilidade emocional que nos foi dado com a paternidade e a maternidade, e estar presentes. 

Às vezes, nos preocupamos tanto em dar limites, que nos esquecemos de estar disponíveis para lidar com o que vem depois do “não”. Que a gente possa refletir sobre esse nosso papel e sobre essa continuidade do limite. Espero que tenha gostado dessa reflexão. Beijo e até nosso próximo encontro!

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Dra. Mariana Lacerda

Terapeuta ocupacional, Mestre em Ciências da Reabilitação e Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG.

Uma abordagem baseada em afeto e respeito para transformar a educação de crianças e jovens.

Aprenda como lidar com as explosões emocionais das crianças de forma respeitosa e eficaz.

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