mãe abraçando filho

E se a disciplina positiva não funcionar?

O que fazer quando as técnicas da disciplina positiva não funcionarem? Muitas vezes, perguntam para mim questões como: “Mari, mas se eu fizer isso e, mesmo assim, o meu filho não obedecer?”. “E se eu fizer uma pergunta curiosa e, mesmo assim, meu filho não me responder?”. “E se eu der escolhas limitadas, oferecendo duas opções, e ele quiser uma terceira opção?”. É muito comum ficarmos na dúvida do que fazer quando a criança não responde à ferramenta da disciplina positiva.

A primeira reflexão é que a gente sempre tem que pensar nas ferramentas como uma possibilidade, e não como uma certeza absoluta de que tudo vai acontecer da maneira planejada ou exatamente como gostaríamos.

Qual é o intuito do educar com respeito?

Às vezes usamos ferramentas não com o intuito de respeitar a criança e ser gentil, mas de impor a nossa vontade e fazer com que tudo esteja sempre funcionando e dando certo. E todos nós que nos envolvemos com crianças de alguma forma sabemos que não é bem assim. As crianças têm vontades e necessidades, e alguns dias são mais desafiadores mesmo.

Então, não é porque estou usando uma ferramenta da disciplina positiva que a criança dará uma resposta imediata. Ficamos à espera desse imediatismo por parte delas e nos esquecemos que esse processo é extremamente novo para a gente e para elas.

Passamos a vida inteira em um determinado padrão de comportamento com as crianças, e estamos conhecendo a disciplina positiva somente agora. Da mesma maneira, a criança não está acostumada com essas novas possibilidades. A sua criança ainda pode estar acostumada com você mandando ela “fazer e pronto e acabou porque você é o pai ou mãe”, portanto, também precisará de um tempo de adaptação.

Tudo tem seu tempo

Precisamos respeitar esse tempo para encontrar o ponto de equilíbrio. Em momento algum estou dizendo que vamos permitir as crianças fazerem o que quiserem, mas que esse é um processo de integrar os limites às concessões.

Às vezes a ferramenta não vai dar certo naquele momento, e eu posso reconhecer que é melhor ceder. Pode ser que eu ofereça duas opções e a criança opte por uma terceira, mas se essa terceira não infringir os valores e as regras, apenas não é uma das duas opções oferecidas, por que não concordar?

Devemos estar abertos a essas possibilidades ao praticar a educação com respeito, lembrando que, em algumas vezes, teremos resultados imediatos e, em outras,  precisaremos de um pouco mais de tempo.

O que está por trás das ferramentas da disciplina positiva

O que está por trás do uso das ferramentas da disciplina positiva não é fazer com que a criança seja a mais obediente do mundo e corresponda a todas às nossas expectativas, é ensinar habilidades de vida e sociais: esse é o verdadeiro propósito da disciplina positiva.

Como ensinamos habilidades de vida e sociais de uma só vez? Trata-se de um processo a longo prazo; muitos frutos vamos colher no futuro e, outros, no presente. Algumas estratégias darão certo com seu filho, outras não.

Recebo relatos como, por exemplo, de criança que não quis fazer o “cantinho da calma” em algum dia, e que dentro de alguns meses, ela teve uma situação na escola e ficou guardado na cabecinha aquela possibilidade de ter um espaço tranquilo em casa para se acalmar. Voltando da escola, depois de um momento desafiador, pediu a mãe para fazer o “cantinho da calma”, sendo que a mãe nem havia sugerido isso naquele momento, mas há uns 6 meses antes, e ela guardou no coração.

Então, naquele momento inicial em que a mãe ofereceu a ferramenta, a criança simplesmente não estava pronta para fazer, mas, depois, foi um recurso do qual ela se lembrou devido à confiança e à conexão estabelecida com sua mãe.

Vamos refletir sobre dar, de coração aberto esse espaço, esse tempo, e entender todo esse processo das ferramentas?

Com amor, Mari.

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Foto de  Dra. Mariana Lacerda

Dra. Mariana Lacerda

Terapeuta ocupacional, Mestre em Ciências da Reabilitação e Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG.

Uma abordagem baseada em afeto e respeito para transformar a educação de crianças e jovens.

Aprenda como lidar com as explosões emocionais das crianças de forma respeitosa e eficaz.

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