Para a Disciplina Positiva, por trás de todo comportamento existe uma necessidade, e ao identificar um comportamento da criança, como por exemplo, a birra, somos convidados a refletir e entender qual seria a necessidade por trás dela.
Nesse processo, precisamos ter consciência sobre as fases que as crianças passam durante seu desenvolvimento para nos ajudar a responder melhor às suas necessidades, de acordo com o momento.
Quando a criança ainda está amadurecendo suas emoções, ela ainda não dá conta de assimilar tudo ao mesmo tempo, de saber exatamente o que está sentindo e muitas vezes pede nossa ajuda, “por linhas tortas”.
Sono, cansaço, irritação, frustração, fome, ciúmes e mais um bocado de emoções somadas às vezes a uma sobrecarga sensorial, podem levar a criança à birra, que se torna um escape de tudo isso que está acontecendo numa mente e num corpo imaturo.
Nos colocar no lugar da criança, observar o que estava acontecendo antes da birra, e qual a necessidade da criança, nos dá a possibilidade de compreender e buscar formas respeitosas de tirá-la dessa situação.
Quando a criança está fazendo birra, ela está usando o que chamamos de cérebro primitivo, ou cérebro reptiliano, que é a parte do cérebro que controla o lado mais animal e instintivo do ser humano. O cérebro primitivo possui os padrões de comportamento que caracterizam os Répteis, e ele se encarrega das funções mais básicas: sobrevivência e reprodução. A sobrevivência seria Fugir ou Lutar. No cérebro primitivo não há espaço para aprender com seus erros, não há capacidade de sentir e nem de pensar: sua única função é a de ATUAR e quando o cérebro primitivo se ativa, tem total prioridade sobre os outros dois cérebros – o Emocional e o Racional.
Assista a explicação de Daniel Siegel sobre o cérebro primitivo, neste vídeo com legenda em português.
Por isso nessas horas a criança não age com sua sabedoria, com sua emoção ou racionalidade intactas. Ela simplesmente atua para sobreviver às suas necessidades.
Acontece que no meio disso tudo, nós adultos passamos a achar que a criança está fazendo aquilo para nos atacar, nos irritar e várias outras coisas negativas. E aí, a gente também começa a atuar com o nosso cérebro primitivo, nos esquecendo que nós somos os adultos e que já somos capazes de nos controlar, a criança ainda não, ela está aprendendo.
Gosto muito do mantra: “eu sou o adulto”! Ele nos ajuda a lembrar qual o nosso papel nessas horas críticas. Nós precisamos nos equilibrar, ativar nosso autocontrole, para olhar para situação com intenção de entender o que está acontecendo e não simplesmente reagir.
Outro ponto é que ao entrarmos em uma postura mais equilibrada, ajudamos a criança a utilizar os seus neurônios espelhos, responsáveis pela imitação, e que desempenham um papel chave na interação social, associações/afinidades e aprendizado. A criança nos vê bem, e passa a ter mais chances de ficar bem também, assim como o contrário.
Vale a pena refletir sobre essas questões e olhar para a birra de forma diferente.
Você já conhecia essas informações?
Espero ter ajudado.
Com amor,
Mari