mãe com bebe sentados na calçada

Como a disciplina positiva pode ajudar na postura defensiva que adotamos com as crianças?

Há uns dias, estava numa padaria e, atrás de mim, uma criança pediu à mãe um cupcake. Antes que ela terminasse a frase, a mãe já estava gritando dizendo “não”, repetidamente. Eu sei que, provavelmente, não era sobre o bolinho, mas toda a questão do cansaço, do tempo que aquela mãe estava fora de casa, preocupada com a rotina e com os afazeres.

Tenho certeza de que, lá no fundo, não era aquela resposta que quisesse dar para sua filha. Quando a menina conseguiu terminar de fazer o pedido e a mãe ainda se manteve dizendo “não”, a criança respondeu: “mas eu te pedi tão carinhosamente!”. De fato, a mãe estava sendo bastante ríspida com ela.

A postura defensiva no relacionamento com as crianças

Essa situação me fez refletir sobre como, às vezes, não damos tempo para as crianças perguntarem, pois estamos tão envolvido nas nossas tarefas do dia a dia, na nossa correria, que quando a criança fala esse tipo de coisa, nos mostra o quanto estão atentas ao fato de esperarem carinho quando são carinhosos.

Nem todo dia conseguiremos fazer isso porque, falamos aqui, a nossa busca não é por perfeição, mas quanto mais atentos pudermos estar em relação a isso, mais equilibradas serão as nossas conversas e os nossos momentos com as crianças.

Percebo que ficamos de prontidão, armados para nos defendermos, ou seja, na defensiva, já esperando que a criança faça pedidos, exigências ou seja desobediente. Quando dou sugestões da disciplina positiva, antes que algumas pessoas experimentem ou tentem praticá-la, já falam: “não, mas eu tenho certeza que com o meu filho não vai dar certo, porque ele nunca me escuta ou me obedece”.

Acredite na sua criança e em você

Por vezes, mantemos padrões sobre a criança também como uma defesa nossa, porque é mesmo muito difícil tentar experimentar coisas novas, que não sabemos como vai ser ou como a criança vai reagir. Mas eu estou falando isso porque vale muito a pena tentar, mesmo que não funcione todos os dias ou não consiga sempre.

Mas precisamos dar um crédito para nós mesmos e para crianças. Se eu não mandar, mas perguntar, envolvê-la na situação, falar de uma maneira diferente, agir diferente, escolher outras estratégias, pode dar certo. Por que não? Porque a criança não vai me responder? Por que será que a gente está sempre achando que não vai dar certo?

Nem sempre a disciplina positiva vai funcionar

Quis trazer esse assunto hoje para a gente refletir um pouquinho sobre isso. Talvez, naquela situação da padaria que eu contei no início, se buscamos nos concentrar em escutar, talvez pudéssemos dar as mesmas respostas. Talvez não fosse mesmo um bom momento para levar um cupcake para casa, mas a forma de dialogar e de construir essa decisão com a criança pode ser diferente.

É claro que tudo que passamos no dia a dia sempre interferirá nisso e, muitas vezes, não conseguiremos excluir nosso cansaço, a correria, as preocupações, mas é mais sobre uma abertura de consciência, pensar na hora, tentar buscar, dentro de nós, o que é realmente importante naquele momento — porque às vezes estamos fazendo uma tarefa mas pensando em outras milhões.

Viva o agora e foque no que é importante

Tente pensar: “o que tem de importante agora nesse momento com meu filho? Eu saí com ele, estou com ele. Será que posso me concentrar um pouco mais nisso?”. Talvez não seja possível 100%, porque as outras coisas irão tomar mesmo conta da nossa mente, mas quanto mais pudermos focar nesses pequenos detalhes sobre como dialogar e lidar com eles sem estar na defensiva, pode ser bastante útil para a nossa conexão com eles.

Vamos refletir um pouquinho nesta semana sobre:

  • A nossa postura de ficar na defensiva;
  • Do fato de não darmos tempo para a criança falar e responder;
  • De ficarmos sempre preparados para alguma bomba;
  • De podermos lembrar que eles também merecem sempre uma chance, assim como nós.

Combinado? Um beijo e até!

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Dra. Mariana Lacerda

Terapeuta ocupacional, Mestre em Ciências da Reabilitação e Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG.

Uma abordagem baseada em afeto e respeito para transformar a educação de crianças e jovens.

Aprenda como lidar com as explosões emocionais das crianças de forma respeitosa e eficaz.

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