Sempre que começamos a descobrir a Disciplina Positiva e outras abordagens positivas de comunicação, educação, aprendizagem, e de como lidar com conflitos relacionados às crianças, ficamos ansiosos por respostas.
Mas quando iniciamos nesse caminho, o que mais aparecem são perguntas. O tempo todo aprendemos a como fazer perguntas para as crianças. Nem sempre teremos respostas prontas como uma receita de bolo, como um passo a passo dizendo exatamente o que dizer e fazer.
Podemos até encontrar sugestões, porque, afinal de contas, a educação não é uma ciência exata, e cada criança é única.
A Psicologia Individual e a Disciplina Positiva
Toda a base da Disciplina Positiva foi criada a partir da Psicologia Individual, que identifica o ser humano como ser único, individual e especial. Ter esse olhar de massa para a criança, como se todas as crianças tivessem que responder e agir da mesma forma, como se todas fossem iguais, não é a proposta da Disciplina Positiva.
Por isso a Disciplina Positiva não oferece um manual com respostas, mas ferramentas e conceitos que nos ajudam a:
- Questionarmos sobre nós mesmos;
- Olharmos para dentro;
- Adquirir autoconhecimento;
- Entender as nossas emoções (e maneiras de controlá-las);
- Entender nossas relações;
- Entrar em contato com a criança por meio de perguntas e reflexões profundas.
Perguntas curiosas: uma ferramenta da Disciplina Positiva
As “perguntas curiosas” nada mais são do que questionarmos a criança sobre o que ela poderia fazer para não chegar atrasada na escola, por exemplo, ou como gostaria de resolver determinado problema, uma briga etc.
É perguntar, ao invés de esperar comportamentos prontos e padronizados da criança. Já reparou como estamos sempre esperando respostas e resoluções de problemas? Precisamos lembrar que estamos desenvolvendo, nelas, essa habilidade de criar soluções por si só, gerando, assim, auto-responsabilidade e autoestima.
Recebo diariamente muitas perguntas sobre como lidar com várias situações, e é um prazer enorme poder ajudar, compartilhar, dar sugestões, mas essas respostas não são 100% garantia de alguma coisa.
O que esperar e o que não esperar da Disciplina Positiva
Muitos métodos têm a intenção de simplesmente cortar e erradicar o mau comportamento da criança, e oferecem manuais e sugestões para que a criança nunca mais se comporte daquela maneira. Mas essa, definitivamente, não é a proposta da Disciplina Positiva.
A Disciplina Positiva nos convida a olhar para o mau comportamento, entender o que está por trás dele, quais são as necessidades e crenças da criança, para, a partir disso, lidar com ele.
Não eliminamos os comportamentos da criança, passamos a olhar para eles de forma diferente. Por isso, a Disciplina Positiva tem muito mais a ver com perguntas do que com respostas.
Primeiro pergunte para você mesmo
Fica, então, esta reflexão para a semana: ao invés de buscar respostas, buscar perguntas. O que podemos nos perguntar sobre as nossas emoções e sobre a nossa forma de lidar com a criança? Vale a pena se perguntar, porque a responsabilidade nunca é só da criança.
Não pense nisso no sentido de culpa, mas no sentido de consciência, em como as nossas emoções e os nossos comportamentos também influenciam nas reações das crianças. De novo, sem julgamento e sem culpa, mas como uma abertura de consciência, para olharmos mais para o fundo dessas questões, e não apenas buscar respostas superficiais.
Espero que tenha gostado dessa reflexão.
Com amor, Mari.