Estamos a todo tempo falando em educar com respeito, em não usarmos formas Punitivas ou Permissivas com as crianças, e relacionamos muito essa ideia a questões de comportamento, aos desafios do dia a dia com elas.
No entanto, a educação com respeito também perpassa outras areas relacionadas à criança e é muito importante que a gente se conscientize sobre a importância de respeitá-las em todos os sentidos.
Considero que promover a AUTONOMIA da criança é também uma forma de respeitá-la, pois quando a criança tem espaço para ser e usar sua autonomia, ela se sente capaz, se sente respeitada no seu potencial.
É possível darmos automonia para a criança desde seus primeiros meses de vida, quando damos liberdade de movimento a ela no seu brincar. Quando preparamos o ambiente para que ela possa rolar, sentar, engatinhar, andar. Quando ofertamos a ela possibilidades de desenvolver seus sentidos e suas percepções sobre o mundo.
Ao organizarmos um ambiente seguro e ao mesmo tempoque ofereça liberdade, a criança sente que nós adultos acreditamos nela. Ela se sente protegida, confiante, segura.
Toda conquista realizada pela criança é registrada por ela emocionalmente, dando-lhe confiança e autoestima.
Muitas vezes ficamos na dúvida sobre até onde ir, se estamos protegendo demais ou se estamos liberando demais. Nesse processo de desenvolvimento da autonomia, proteger para dar segurança, sem fazer pela criança aquilo que ela pode fazer sozinha, é o norte.
Respeitar suas fases do desenvolvimento, compreendendo sua individualidade é também dar a ela a autonomia de ser quem é, sem comparações, sem expectativas fora da realidade. Nós adultos precisamos desenvolver o olhar para criança, ou seja, enxergar a criança como um ser que possui linguagem própria, em todos os sentidos que a palavra “linguagem” engloba.
A criança que tem autonomia, estrutura uma personalidade competente e desenvolve a segurança afetiva, a autoconsciência e a autoestima.
Para completar essa reflexão, deixo aqui esse trechinho escrito por Lynn Lott:
Deixando ir com amor
Lynn Lott
*fonte: Manual de Educadores Parentais em Disciplina Positiva
A primeira vez que meu filho quis subir no topo do escorregador foi a primeira vez que me lembro de experimentar a sensação de deixar ir. Ele estava pronto, mas eu não estava. Ele era um filho cuidadoso que não tentava as coisas a menos que ele pensasse que ele poderia fazê-las. Lembrei-me das palavras de Dreikurs: “Um joelho ferido pode consertar, mas a coragem ferida dura toda a vida”; Respirei profundamente e me afastei do escorregador, o suficiente para dar a ele uma sensação de confiança e perto o suficiente para agarrá-lo se ele caísse. Claro que ele ficou bem, e eu também. Esse evento não foi mais fácil do que o momento em que ele chegou tarde para a escola e escondi-me nos arbustos enquanto ele andava chorando no prédio, ou o momento em que ele estava pronto para atravessar o corredor sem minha ajuda e me escondi atrás das plantas observando a uma distância segura, pronta para saltar na frente dele se um carro aparecesse. À medida que ele envelhecia, as oportunidades de abrir mão se multiplicaram junto com sua coragem e autoconfiança e minha fé de que ele se tornaria um homem adulto. Claro que eu criei uma rede de ouro imaginária para protegê-lo quando eu não estava perto, e até agora está funcionando bem!