“Mari, minha filha dá tapas em mim e no pai dela. Quero impor limites, mas como fazer isso? Compassivamente ou de uma forma mais enérgica?”. Essa foi uma pergunta que recebi por e-mail, e achei muito importante falarmos a respeito!
Sei que, quando a criança bate, a nossa cabeça dá um nó, principalmente se nunca tivermos feito isso com ela. Até porque, quando batemos, ela entende que pode bater também. É como um espelho!
Mas… e as crianças que não recebem esse modelo? Por que elas batem?
O que significa a criança bater na gente?
Vamos, primeiro, ao que NÃO SIGNIFICA: isso não significa que a criança vai passar o resto da vida batendo nos adultos, que ela não tem respeito por você, que você é um pai ou uma mãe ruim. Sei perfeitamente que sensações como essas surgem na hora.
Não estou dizendo que não devemos dar a devida importância, mas a maneira como olhamos para esse ato da criança faz muita diferença na nossa relação. Sim, é um comportamento que pede limites a serem colocados de uma maneira gentil e firme ao mesmo tempo.
Então, a resposta para a pergunta “devo colocar limites compassivamente ou de forma mais enérgica?” é: nenhuma das duas coisas! A firmeza não é compassiva, é ativa. Não seria de um lugar passivo, mas de um lugar ativo sem precisar ser enérgico. A gentileza dá a suavidade necessária para sermos firmes sem irmos para a punição.
Afinal, por que a criança bate?
Precisamos, antes de tudo, lidar com isso de acordo com o tamanho que isso tem. A criança está se expressando de uma maneira corporal porque ainda não tem recursos verbais, linguísticos e orais que sustentem a sua comunicação, principalmente nos sentimentos mais intensos, como raiva, frustração, contrariedade e tristeza.
A criança encontra, no próprio corpo, um meio de comunicar aquilo que sente necessidade: “não gostei, estou chateada, triste, com raiva, decepcionada….”. Se tentarmos entender o que está por trás dessa ação, saímos desse campo da vítima exagerada, pensando que ela fará isso por toda a vida — “meu filho está me batendo e perdeu o respeito por mim” — e vamos para um lugar de entendimento.
Vamos colocar limite de forma ativa e firme, mas gentilmente e amorosamente. A criança merece gentileza, respeito e amor, mesmo em situações mais desafiadoras, não é mesmo? Vamos mostrá-la que enxergamos seu sentimento em primeiro lugar e, juntos, vamos encontrar outra maneira de colocá-lo para fora, porque bater não é respeitoso. Tão simples assim: firme e gentil ao mesmo tempo.
Aprenda como lidar com as explosões emocionais das crianças de forma respeitosa e eficaz.
- Para pais, educadores e profissionais, que precisam lidar com birras, agressividade e comportamentos desafiadores sem perder a calma.
O que falar com a criança quando ela bate?
Tente ir para um caminho como: “estou vendo que está com raiva, podemos sentir isso, mas bater não é respeitoso! Vamos encontrar outra maneira de você colocar para fora”.
A partir daí, vamos partir para uma forma saudável de expor sua raiva. Às vezes, rabiscar ou rasgar um papel, pular, correr, jogar uma bola, amassar uma massinha, fazer massagem com mais pressão, gritar com uma almofada — principalmente coisas que liberam energia.
Vamos pensar em coisas que possam ser feitas para que a criança continue se expressando, manifestando seus sentimentos, entendendo que isso é saudável, desde que seja algo respeitoso.
É importante lembrar: que não sejamos modelos de seres humanos que reagem às emoções batendo. A criança precisa da nossa referência de saber lidar com as emoções. Se lidamos com a nossa frustração descontando no outro, ela vai aprender isso, e pode perdurar por muito tempo na vida, até encontrar outros recursos.
Espero que tenha gostado da reflexão! Um beijo e até!