Existe uma frase dos precursores da disciplina positiva e responsáveis pela psicologia individual, Rudolf Dreikurs e Alfred Adler, que eu gosto muito: a criança pode até não ter os mesmos direitos de um adulto, mas tem dois direitos exatamente iguais, que são respeito e dignidade. Para mim, essa frase é a base de tudo.
Eu costumo brincar que, se não tivéssemos a oportunidade de aprender sobre educação com respeito e disciplina positiva, tudo que precisaríamos aprender está nessa frase. A criança tem, assim como eu e você, o direito ao respeito e à dignidade.
Criança não pode! E adulto?
Isso significa que existem muitas coisas que fazemos com as crianças que não somos capazes de fazer com os adultos, pois percebemos o desrespeito. Concedemos certos direitos para os adultos, mas não para as crianças. pelo fato delas serem “o lado mais fraco da corda”. Não estou dizendo isso com o intuito de julgamento ou crítica, mas como uma reflexão.
Muitas vezes as pessoas me falam: “Mari, eu não sei como agir nessa situação, eu fico na dúvida se devo forçar a criança ou não devo, o que você acha?”. Eu costumo dizer: “Você faria isso com o adulto? Porque se a sua resposta for não, então por que você faria com uma criança?”. Só pelo fato dela ser criança?
A criança tem que me respeitar!
Na comunicação não-violenta, costumamos dizer que todo mundo é ser humano, não existe essa diferenciação entre o adulto e a criança, como se fossem seres humanos de castas e de patamares diferentes.
Sabemos que existem autoridade e hierarquia, mas isso não muda o fato de termos respeito pelo outro, aliás, é justamente porque vivemos numa relação de ser humano para ser humano que esse valor deve existir — mas costumamos exigir que esse respeito venha somente da criança para o adulto, não é?
Educar com respeito e dignidade
“A criança tem que me respeitar!”. Mas você a respeita? “Ah, essa criança não me respeita, ela não me escuta”. Mas e você? Como você é com ela? Uma relação de respeito é uma via de mão dupla, então precisamos nos perguntar: “a estratégia que estou escolhendo utilizar com essa criança, esse recurso, essa ideia, eu faria isso com um outro adulto?”.
Será que aquele adulto se sentiria desrespeitado? Como ele aceitaria e reagiria a essa situação? Se eu chegar à conclusão de que não seria legal com um adulto, então também não vai ser legal com a criança, porque a criança tem esse mesmo direito ao respeito e à dignidade que todos nós.
Há alguns anos, a criança não era vista nem como gente! Quantas vezes já ouvimos frases como: “criança não é gente!”? Essa frase é horrível! Criança também é produção divina, milagre da vida. Então, podemos reconhecer isso e honrar a existência delas no contexto do respeito.
Educar com respeito é considerar a criança como um ser humano, como alguém que merece respeito e dignidade, em uma relação de via de mão dupla, e não somente unilateral, em que só a criança precisa respeitar.
Ao respeitar a criança, você transforma a relação de vocês em algo que consiste em ser leve, tranquilo, vencer os desafios, claro, mas com conexão, porque existe respeito mútuo. Pense sobre isso.
O que você achou, me conta aqui. Com amor, Mari.