Quando as crianças expressam determinados sentimentos e emoções, muitas vezes os desprezamos, considerando que estão exagerando. Quantas vezes falamos para elas: “não precisa disso por algo tão pequeno”?
Olhamos para as emoções delas como se nós fôssemos um termômetro, julgando-as a partir da forma como lidamos com as situações. Acabamos nos esquecendo de que somos adultos, e que já estamos maduros, diferentemente delas.
Olhamos para o sentimento da criança a partir da nossa perspectiva
Quando a criança sente raiva, frustração ou tristeza, não tem noção de que esses sentimentos são temporários; elas acham que são para sempre. Por esse motivo, elas não conseguem redimensionar a emoção, e vivem à flor da pele.
Nós somos os responsáveis por ajudar a criança a identificar seus sentimentos e as formas saudáveis de lidar com suas próprias emoções. Ao mesmo tempo, precisamos mostrá-la que cada dia é um dia diferente, assim como os nossos sentimentos em cada um deles. É o famoso “tudo passa”.
Como lidar com as emoções da criança
Às vezes, ao invés de encararmos tudo isso junto com a criança, falamos que ela “está chorando à toa”, exagerando, dramatizando ou até mesmo usamos palavras fortes, denominando-as “histéricas”. Mas as emoções das crianças são verdadeiras, intensas e reais.
Vamos supor que a criança esteja chorando porque um colega rabiscou o desenho que tinha feito. Como costumamos menosprezar essa situação? Normalmente, falando para não se preocupar, para deixar para lá, que outro dia ela faz outro desenho. Dessa maneira, invalidamos e diminuímos seus sentimentos naquela situação.
Ao invés disso, podemos ensiná-la sobre habilidades emocionais e psicológicas. Para fazer diferente, poderíamos validar o sentimento dessa criança e dizer: “entendo que você ficou chateado(a) porque seu colega rabiscou o desenho; é frustrante, pois você fez o desenho com tanto carinho e cuidado… Imagino que deva estar com raiva. Também não gosto quando me esforço e alguém muda ou estraga.” E não é verdade?
Então, primeiro validamos o sentimento. Em seguida, podemos tentar trazer outros momentos em que a criança já esteve com aquela pessoa e ajudá-la a se reenquadrar em momentos positivos e de alegria: “olha, em outro momento você esteve brincando com esse mesmo colega e como você se sentiu?”.
Como a sociedade vê os sentimentos da criança
O caminho é mostrar que não existem apenas sentimentos como frustração e raiva. É importante que ela consiga reenquadrar a sua relação com o outro que a fez se sentir daquela forma.
Normalmente a sociedade desconsidera o sentimento da criança, como se ela não pudesse sentir. Costumo dizer que o adulto pode se frustrar e compensar suas frustrações — de maneira nem sempre respeitosa —, mas a criança, não.
Agimos como se a criança tivesse que ser madura, lidar com suas emoções desde cedo, e essa exigência sobre elas é muito pesada.
Por isso, fica o convite: vamos ajudar as nossas crianças, aproveitando situações como as que falamos aqui para ensiná-las importantes habilidades de vida?
Um abraço!