Criança pequena sentada na cadeira comendo

7 estratégias da disciplina positiva para a educação alimentar das crianças

Nem sempre a hora da alimentação envolve aquela paz que a gente gostaria né?

​Para muitos pode virar um momento de verdadeiro caos. Mas como podemos contribuir para que as crianças e os adultos vivam esse momento com tranquilidade e em harmonia, saboreado tanto a presença uns dos outros como a comida?

A Disciplina Positiva pode nos ajudar com algumas estratégias:

  • Nenhum de nós gosta de comer sozinho. Culturalmente e emocionalmente as refeições são um momento de compartilhamento entre pessoas queridas. As crianças também se sentem muito mais motivadas a comer quando estão próximas dos adultos que amam. Elas se sentem acolhidas, sentem que estão recebendo um carinho da família, que estão sendo cuidadas. Se percebem que o adulto que está com ela nesse momento, não está envolvido, elas podem trazer à tona sentimentos de frustração, pois esperam atenção. Por isso, procure fazer as refeições em família, pelo menos uma vez por dia. Além das questões emocionais, ajuda a criança a ter referência de modelos importantes.

 

  • Quando estamos comendo em um ambiente cheio de estímulos e barulhento, nosso organismo se ocupa em prestar atenção a cada coisa e aproveita muito pouco o sabor e as texturas do alimento. Por isso busque fazer com que o ambiente seja agradável nas refeições.

 

  • O conhecimento e experiência do alimento na infância é essencial para que a criança se relacione com prazer e de forma saudável com o alimento. O uso de eletrônicos e TV na hora das refeições faz com que a criança fique em estímulo excessivo e em uma função passiva (que apenas recebe o alimento). Quando damos a oportunidade para a criança tocar os alimentos com as mãos, conhecer texturas, sentir o cheiro,  (já que estão em processo de desenvolvimento do sentidos), a criança tende a estar mais ativa nesse processo e desenvolve também autonomia, o que favorece suas habilidades de independência e seu senso de autocapacidade.

 

  • O tempo da criança durante as refeições é diferente do nosso. Nós adultos somos capazes de comer em 10 minutos se for preciso. Mas a criança não. Ela precisa de tempo para treinar suas habilidades, precisa de tempo para sentir e perceber as sensações que essa atividade envolve (como falado no trecho acima). Por isso, busque não acelerar a criança. Isso traz irritação e desgaste para ambas as partes.

 

  • Não vale a pena forçar a criança a comer, ninguém gosta de ser forçado a comer. As crianças comem o tanto que precisam. Temos uma questão cultural que dita que temos que raspar o prato, mas se formos aprofundar esse assunto vamos encontrar nele um dos grandes motivos da obesidade. Respeite a quantidade que sua criança consegue comer. Tenho certeza que você também gosta de se sentir respeitado nesse sentido.

 

  • Evite ficar mandando a criança comer. Simplesmente diga que é hora de comer. Você pode dar escolhas dizendo: “É hora de comer. Você quer usar a colher azul ou a verde?” Envolva a criança no processo dando escolhas coerentes. Para os alimentos, ofereça escolhas limitadas. Não force a criança a comer uma única coisa, como também não deixe que ela coma qualquer coisa. “Mamãe preparou ovos e carne, qual você quer?” Escolhas limitadas geram gentileza e firmeza ao mesmo tempo.

 

  • E por último, lembre-se sempre de antecipar a ação. Se a criança está envolvida com um brincadeira, é claro que ela vai ficar frustrada de deixar tudo lá de repente para ir almoçar. Dê tempo para que ela lide com isso, e ajude-a avisando antes: “Daqui a pouco vamos parar de brincar para almoçar”. Ou “quando o relógio estiver aqui no número 12 vamos almoçar. Eu venho te mostrar quando for a hora”. E se mesmo assim a criança ficar chateada, valide seus sentimentos: “Eu sei que é ruim parar de brincar, mas é preciso. Depois, assim que acabarmos o almoço vamos voltar. Podemos deixar o brinquedo esperando”. Isso a ajuda a entender seus sentimentos e a prever as situações, sabendo que está tudo bem.

Tudo isso exige paciência para experimentar as estratégias. Você não precisa dar conta de tudo de uma vez só. Vá experimentando e sentindo o que funciona com a sua criança ou não. Vocês juntos podem criar soluções bastante eficazes para esse momento.

Com amor,
Mari

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Foto de  Dra. Mariana Lacerda

Dra. Mariana Lacerda

Terapeuta ocupacional, Mestre em Ciências da Reabilitação e Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG.

Uma abordagem baseada em afeto e respeito para transformar a educação de crianças e jovens.

Aprenda como lidar com as explosões emocionais das crianças de forma respeitosa e eficaz.

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